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Autor Tópico: Diferenças? Nesta escola de Évora é tudo natural  (Lida 676 vezes)

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Diferenças? Nesta escola de Évora é tudo natural

04 jan, 2017 - 10:03 • Rosário Silva

Na escola básica Manuel Ferreira Patrício, em Évora, há 700 alunos “especiais” na sua diversidade social e cultural. É um exemplo de escola inclusiva que o ministro da Educação foi conhecer no arranque do segundo período de aulas.


Foto: Rosário Silva/RR

Palmas, gargalhadas e boa disposição. A recepção ao ministro da Educação, no primeiro dia de aulas do segundo período, faz-se em festa e ao som da moda alentejana “O limoeiro”, interpretada por um pequeno grupo de alunos da Escola Básica Manuel Ferreira Patrício, de Évora.

Este não é um estabelecimento de ensino vulgar. É uma escola TEIP (Território Educativo de Intervenção Prioritária) que desenvolve um trabalho excepcional no sentido da inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais.

Na sala da professora Albina Almodôvar, o ensino da matemática tem tradução em língua gestual portuguesa (LGP). Mas nem sempre foi assim. “Houve anos em que estava sozinha com os alunos surdos e era muito difícil comunicar sem intérprete”, conta a docente à Renascença.

A visita do ministro entusiasmou os alunos desta sala. O Gentil e o Diogo, alunos do 9.º ano de escolaridade, contam a Tiago Brandão Rodrigues que “se não estivesse a intérprete, era muito complicado e perdíamos muito tempo”. Entre o português e a língua gestual, o ministro despede-se dos jovens e ruma a outra sala.

Uma das turmas do 6.º ano está às voltas com um texto de José Eduardo Agualusa, “O caçador de borboletas”. O tema é caro ao ministro, que acaba por confessar que tem “um fascínio por borboletas”. Gera-se o diálogo, entre risos e improvisos, e fica o repto do governante para que a turma aposte na construção de um blogue. “Sabem, eu sou cientista e vivi em Inglaterra, mas, quando vinha à minha terra, sou de Paredes de Coura, trabalhava com miúdos da vossa idade e eu tinha um blogue, uma espécie de livro virtual que dá vida às letras e que chega a toda a gente de uma forma barata. Pensem nisso”. À despedida, um aluno mais afoito atira: “Pode ficar na nossa aula, se quiser”.

O convite não pode ser aceite, até porque, mais adiante, na Unidade de Multideficiência, preparam-se os Reis. Ana Paula Santos é professora de educação especial e explica-nos: “ Fazemos muitos trabalhos. Tenho aqui meninos deficientes profundos, com grau de incapacidade muito grande”.

“Mas o que importa realçar é que somos nós que recebemos os outros miúdos. É o que eu chamo de educação inversa. Em vez de eles irem à turma onde tem matemática, por exemplo, que não vão fazer, estão aqui a realizar trabalhos, dentro das suas capacidades, numa experiência que resulta muito bem.”

De volta aos corredores da escola Manuel Ferreira Patrício, o ministro da Educação ainda tem tempo de passar pela biblioteca e assistir à “Hora do Conto”. Senta-se no chão com alguma facilidade e, por instantes, deixa-se embalar pela história que Fátima Bonzinho está a ler.

A coordenadora das bibliotecas deste agrupamento confessa, mais tarde, que já passou por várias escolas e ainda não tinha encontrado nenhuma como esta. “Nós estamos integrados no projecto 'Todos juntos podemos ler', da Rede de Bibliotecas Escolares e do Plano nacional de Leitura, em português e em LGP. Promovemos actividades na biblioteca no âmbito das literacias para todos os públicos que temos na escola, desde os da educação especial, passando pelos de etnia cigana, por exemplo, mas todos estão integrados neste projecto”, afiança Fátima Bonzinho.

A manhã passa a correr e, à saída, Brandão Rodrigues congratula-se com a visita a “uma escola muito singular com um projecto verdadeiramente inclusivo”. O ministro sublinha que “desde o pré-escolar até ao 9.º ano, todos os alunos estão integrados em todas as actividades, não só os que tem necessidades especiais como os alunos surdos, mas todas as diferentes etnias, as comunidades de emigrantes, todos eles estão incluídos neste projecto pedagógico de forma irrepreensível.”


"Uma escola muito singular com um projecto verdadeiramente inclusivo”, disse o ministro da Educação. Foto: Nuno Veiga/Lusa
A inclusão na diversidade

Criado em 2004, este agrupamento de Évora conta com várias valências. “São o pré-escolar, com três salas de crianças do regular e uma sala de crianças surdas, e temos os 1.º, 2.º e 3.º ciclos, com várias respostas educativas adequadas às necessidades e ao perfil dos nossos alunos”, revela-nos a directora, Isabel Gomes.

A responsável defende que não há alunos mais especiais que outros. Todos o são, sublinha, lembrando que o “agrupamento tem 1.120 alunos e nesta escola-sede há cerca de 700”.

A riqueza está, acrescenta, na “heterogeneidade, pois temos alunos surdos, temos várias unidades de multideficiência, autismo, temos crianças que vem de meios sociais muito desprotegidos, mas também temos crianças que vem de meios muito confortáveis.”

A inclusão é, para a responsável, “uma visão natural da vida onde a própria vida é constituída por diferenças que todos temos de compreender para poder aceitar e para poder conviver de forma natural. É um estado de consciência.”

Na abertura no 2.º período, Isabel Gomes refere que não teve “problemas com a colocação de professores”. Já quanto ao pessoal não docente, reconhece algumas dificuldades, mas que estão a ser resolvidas com a colaboração “da câmara municipal uma vez que temos um contrato de execução e neste momento estamos em processo de contratação de mais elementos não docentes”.

Este quadro é confirmado pela vice-presidente do município. À Renascença, Élia Mira sublinha a preocupação que existe com a manutenção do edifício, que apresenta “um problema grande de infiltração nas coberturas” e que por si só a câmara não tem meios financeiros para lhe fazer face.

“Aproveitamos a visita do senhor ministro para o sensibilizar para a necessidade de uma intervenção. Temos projecto, temos tudo, só nos falta o dinheiro para avançar com as obras”, revela.

Com o pelouro da Educação, a autarca salienta o trabalho “extraordinário que a escola faz no sentido da inclusão de alunos com deficiência” e realça o facto do estabelecimento estar “num território desfavorecido onde vivem muitas pessoas com dificuldades económicas”.

“É uma escola muito inclusiva, com turmas muito heterogéneas e que acabam por permitir aos miúdos ter experiências que só a riqueza e a diversidade cultural podem transmitir”, completa a vice-presidente da câmara municipal de Évora.


Foto: Rosário Silva/RR


Fonte: RR
 

 



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