Uma semana após se saber que entrou no Ensino Superior em Portugal a primeira aluna surda e cega (notícia divulgada também no ACADÉMICO), fomos tentar perceber em que nível se encontram as condições de acessibilidade para os estudantes com deficiência na Universidade do Minho (UM).
Para Sandra Rodrigues, do Gabinete Para a Inclusão (GPI), esta questão das acessibilidades na UM “nunca é um trabalho terminado”.
A responsável refere que acessibilidade é boa: “Existem algumas barreiras físicas que merecem atenção mais imediata e tem existido um esforço em resolver situações mais impeditivas, mas no global, a nossa Universidade proporciona mobilidade autónoma na maior parte dos espaços.”
Referindo-se aos meios técnicos, a responsável adianta que existem computadores à disposição dos alunos com necessidades especiais, com software próprio, “para uso local ou para empréstimo”, podendo ser utilizados dentro e fora da universidade.
Também questionámos se os portais institucionais da UMinho, o Blackboard ou e-mail dos alunos eram totalmente acessíveis e a resposta é positiva. Segundo a responsável, desde que os alunos utilizem software adequado às suas necessidades e, desde que utilizem correctamente este software, poderão aceder aos conteúdos disponibilizados. Visitando o site institucional da Universidade, poder-se-á ver, no rodapé, um círculo azul com uma fechadura desenhada sobre si. Esse símbolo designa-se por “Símbolo de acessibilidade à Web”e simboliza a tentativa de tornar o site acessível a todos, sem restrições.
O ACADÉMICO foi ainda à procura dos apoios que poderá ter um aluno com necessidades especiais. De facto, o Gabinete produz manuais em Braille, para as pessoas com deficiências visuais. No caso de uma pessoa surdocega (tal como a Carolina Canais, a primeira aluna com estas limitações a ingressar no Ensino Superior em Portugal), a responsável indica que um aluno, com estas características, teria, entre outros apoios, “material de estudo adaptado, tecnologias para o seu estudo e orientações aos docentes para apoio em contexto de aula”.
Quisemos ainda saber se é permitida a gravação áudio de uma aula por parte de uma pessoa com deficiência visual. Sandra Rodrigues, para responder à nossa pergunta, referiu-se a um Despacho Reitoral que diz que os alunos com deficiências que impeçam a toma de apontamentos devem ser autorizados a gravar as aulas, sob condição de só serem utilizados para fins escolares ou pessoais (Despacho RT-20/2006; Art. 5, Ponto 5). Quanto a apoios sociais, a responsável refere que os alunos “poderão candidatar-se a bolsas de estudo, tal como qualquer outro estudante, ”tendo em atenção que “o regulamento próprio de atribuição de bolsas (comum a todas as Universidades) menciona o que deve ser considerado para estes estudantes.”
Fonte: a Jornal Académico