COMO SÃO OS FILMES PORNÔS BRASILEIROS PARA CEGOS E SURDOSO país ganha suas primeiras produções de sexo explícito com acessibilidade para deficientes visuais e auditivos
Giuliana de Toledo
14/08/2020 - 03:00
Foto: Ilustração de Mateus Valadares
‘‘Ele senta na cama de frente para ela. Se beijam. Ele aperta a coxa dela. Ela passa a mão na barba dele. Ele passa a mão no rosto dela, depois pelos cabelos. Ele a abraça com uma das mãos. Com a outra faz carinho pelo corpo”, diz a narração do filme. A voz feminina, com sotaque carioca, é ouvida entremeada por estalos das bocas dos atores. “Ela beija o pescoço e desabotoa a camisa dele. Se beijam. Ele segura o rosto dela. O homem tem uma tatuagem preta na parte de trás do pescoço e na mão direita. Ele acaricia, aperta e beija os peitos dela por cima do vestido. A mulher olha, sorri. Se beijam.” Nenhuma dessas palavras está no roteiro original do vídeo. Nele, tudo que a voz conta não passa de ação entre os personagens.
Na primeira semana de agosto, os deficientes visuais brasileiros — 3,4% da população, segundo o último Censo — ganharam pela primeira vez a chance de compreender um filme pornográfico. O trecho que abre a reportagem é da audiodescrição de Sugar daddy (expressão usada para designar homens que bancam as despesas das mulheres com que se relacionam), uma das duas produções já disponíveis com esse recurso no streaming do canal Sexy Hot e em plataformas de vídeo sob demanda de operadoras de TV por assinatura. O outro título, com temática de época, é Desejo proibido. Os dois filmes ganharam também legendas descritivas para pessoas com deficiência auditiva — 1,1% dos habitantes do país —, outro recurso com que o gênero nunca tinha contado no Brasil.
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