Bocha Adaptada
Opção saudável para pessoas com deficiência física
Dirceu José entrou para essa modalidade há 9 anos. É campeão paraolímpico e disputará a Copa Mundial em agosto desse ano.
O esporte como recuperação
Otávio Cícero Pinto protagoniza outra história de superação. O jovem de 18 anos, morador de Carua ru (PE), nasceu com a síndrome de Duchenne, que o colocou em uma cadeira de rodas no início da adolescência. Dois irmãos também tiveram o mesmo diagnóstico, sendo que um deles morreu. Com o objetivo de motivar os dois filhos, Márcia Belo Pinto conheceu a Associação dos Portadores de Deficiência de Caruaru (APODEC). Lá, Otávio e o irmão Weverton Belo conheceram a bocha e se encantaram. Há cinco anos, a dupla treina e se profissionaliza. Otávio tornou-se atleta na classe BC3 e já coleciona medalhas e troféus em campeonatos regionais. "O esporte me abriu horizontes. Por meio da competição, pude conhecer novos lugares, como Brasília e Curitiba, além de conquistar amigos por todos os cantos", comemora. Com os treinos constantes, a doença estabilizou: não comprometeu músculos saudáveis e corrigiu o alinhamento do seu tronco. O sonho do esportista é conquistar uma vaga na seleção brasileira, por isso os treinos são intensos visando esse objetivo.
Infelizmente, a equipe de Caruaru não possui espaço físico para continuar os treinos. "A previsão do retorno das atividades é abril, porque estamos em negociação com a prefeitura sobre a liberação de espaços em colégios da rede municipal de ensino. Vamos treinar nem que seja na rua, já que iremos competir no Regional Norte e Nordeste, em junho, em João Pessoa (PB)", fala Esnane da Silva, diretor de esportes da APODEC.
A nova geração
Dirceu José Pinto, campeão paraolímpico e mundial de bocha, está se preparando para a Copa do Mundo de 2011, em BelFast, na Irlanda do Norte. Ele joga há nove anos e diz que é muito bom ver novos atletas se dedicando a esse esporte. "Hoje, as condições são melhores, já temos equipamentos que são utilizados pelos times europeus. Essa facilidade motiva jovens a conhecerem e praticarem a modalidade. Os que se destacam e chegam ao nível de seleção, passam a receber bolsas que custeiam as despesas", afirma.
Ganhador de medalha de ouro na categoria individual nas Paraolimpíadas de Pequim e parceiro de Eliseu Santos na conquista de outra medalha, Dirceu ajuda a divulgar o esporte no Brasil. Para o professor Ivaldo Brandão, presidente da Associação Nacional de Desporto para Deficientes (ANDE), os resultados são animadores. "Apesar da carência em relação à divulgação, nossas últimas medalhas fizeram a imprensa dar um pouco mais de atenção à modalidade. Todo tipo de divulgação é válida, já que se trata de um esporte que realmente muda a vida de pessoas", conclui. Brandão acredita que a bocha será destaque nas Paraolímpiadas de Londres, pois os olhos de todos estarão voltados para o desempenho das equipes, já visando os jogos que acontecerão no Rio de Janeiro, em 2016. "O Ministério do Esporte precisa nos dar mais atenção, pois fazemos milagres com verba curtíssima e mesmo assim, estamos cada vez melhores. O esporte tem alcançado municípios, os mais carentes do País, e o número de jogadores cresce a cada ano. Esse é o jogo da inclusão, porque qualquer pessoa com deficiência física pode participar, com adaptações ou não."
O campeão Dirceu deixa um recado para os iniciantes: "A primeira atitude que o atleta deve tomar é sair de casa, perder a vergonha da sua deficiência e dedicar-se com muito empenho ao esporte. Eu mesmo treino até 12 horas por dia. Por mais difícil que seja, devemos buscar o melhor, porque o resultado certamente será positivo, em todos os sentidos"
http://revistasentidos.uol.com