A tetraplegia e a paraplegia são paralisias que, actualmente, afectam muitas pessoas, alterando completamente as suas vidas. Ambas resultam de lesões medulares.
Os traumatismos que mais atingem a medula espinal acontecem em acidentes de automóveis ou mergulho em águas rasas.
A diferença entre a tetraplegia e a paraplegia é que a primeira consiste na paralisia dos quatro membros secundários e a lesão medular é ao nível da coluna vertebral cervical. A paraplegia consiste na paralisia completa de ambos os membros inferiores e, por vezes, de parte do tronco. É geralmente consequência de lesão nervosa da espinal medula.
A lesão medular impede a passagem dos impulsos voluntários do cérebro para os músculos e das sensibilidades cutâneas até ao cérebro. O controlo voluntário da bexiga e intestino também é prejudicado, provocando quadros de incontinência e, posteriormente, retenção de urina e fezes.
Cuidados
Para quem sofre de tetraplegia e paraplegia, os cuidados com a pele são muito importantes para evitar a formação de feridas nos locais de contacto diário com o colchão ou cadeira.
Estes doentes necessitam de carros e cadeiras especiais para evitar complicações cutâneas ou osteo-musculares, bem como para diminuir a dependência.
A fisioterapia é muito benéfica.
Os cuidados com a alimentação e ingestão de líquidos também melhoram o funcionamento do intestino e bexiga, permitindo ao doente ter um maior controlo.
Paraplégicos e tetraplégicos, em menor ou maior grau, necessitam na generalidade de alguns equipamentos especiais: cadeira de rodas, cadeira higiénica com acento para banho e para as necessidades fisiológicas, colector de urina e apoio macio para os cotovelos no caso dos tetraplégicos.
Relato
Fabio Becker administra uma empresa de equipamentos médicos, hospitalares e ortopédicos. Além do trabalho, estuda inglês e espanhol e tem inúmeros passatempos.
Fabio é tetraplégico. Não possui movimentos nos braços e nas pernas desde Dezembro de 1988, quando, acidentalmente, foi atingido pelo disparo de uma arma.
Durante três meses permaneceu no hospital e houve alturas em que não acreditava na sua recuperação, pois o quadro clínico era francamente desencorajador, com paragem cardíaca, problemas respiratórios e hipertermia.
A readaptação à vida quotidiana não foi fácil e só aconteceu depois de Fabio ter passado pelo hospital federal Sarah Kubtsheck em Brasília, em 1990. Antes disso, já se tinha adaptado à sua nova vida, embora com algumas dificuldades. Usava um micro computador adaptado e a vida continuou, com rápidos avanços a partir de 1990.
Fabio conseguiu recuperar a sua auto-estima, voltou a ter os seus relacionamentos amorosos e, acima de tudo, assumiu a sua deficiência. Este é um ponto muito crítico na vida de um deficiente acidental.
Actualmente, ainda necessita da ajuda de terceiros, mas, desde o acidente, já viajou por todo o Brasil, Estados Unidos e alguns países da América Latina.
Comentário
As deficiências motoras são uma realidade para a qual olhamos com uma certa distância. No entanto, de um dia para o outro, a vida pode mudar, podemos ser nós as vítimas ou até os que nos são mais próximos.
Os tetraplégicos e paraplégicos vêem-se subitamente num mundo completamente diferente e à parte, em que um simples abrir e fechar de uma porta, ou um atravessar a rua se tornam num pesadelo. Tornam-se, assim, dependentes dos outros.
Um simples botão, um elevador, ou uma rampa facilitar-lhes-iam a vida.
O programa «Consigo», transmitido todos os domingos na 2, tenta alertar a sociedade para todas as dificuldades sentidas por quem sofre de tetraplegia e paraplegia.