Estudo revela vínculo significativo entre pré-eclâmpsia e autismo
Filhos de mães que sofreram uma condição gestacional associada à hipertensão denominada pré-eclâmpsia são duas vezes mais propensos a ter autismo ou outros problemas de desenvolvimento, afirmaram cientistas.
A pesquisa, publicada a revista Jama Pediatrics, da Associação Médica Americana, também revelou que quanto mais severa é a pré-eclampsia na mãe, maior a probabilidade de autismo no filho.
O estudo foi feito com mais de mil crianças entre dois e três anos no norte da Califórnia. Todas as mães tiveram diagnósticos confirmados de pré-eclampsia e os cientistas compararam dados daqueles que se desenvolveram normalmente com os de crianças que apresentaram transtornos do espectro autista (TEA) ou outros problemas de desenvolvimento.
«Descobrimos associações significativas entre a pré-eclampsia e os TEA, que aumentaram com severidade», afirmou a principal autora do estudo, Cheryl Walker, professora assistente do departamento de obstetrícia e ginecologia da Universidade da Califórnia em Davis.
«Também observamos uma associação significativa entre pré-eclampsia severa e atraso de desenvolvimento», prosseguiu.
Transtornos do espectro autista afetam uma em cada 88 crianças nos Estados Unidos.
As causas exatas do distúrbio de desenvolvimento são desconhecidas e há pesquisas que apontam para causas genéticas, ambientais ou uma combinação das duas.
O autismo provoca dificuldades nas habilidades sociais, emocionais e de comunicação e não tem cura conhecida.
Alguns estudos anteriores já tinham sugerido que a pré-eclampsia - que causa hipertensão no fim da gestação, elevados níveis de proteína na urina e perdas de consciência nos casos mais graves - poderia provocar autismo, talvez ao privar o feto de nutrientes e oxigénio.
«Embora estudos isolados não possam estabelecer causalidade, evidências cumulativas apoiam os esforços para reduzir a pré-eclampsia e diminuir a sua severidade, de forma a melhorar os resultados neonatais», disse Walker.