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Autor Tópico: Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção  (Lida 2035 vezes)

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Offline AREZ

 
Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção: quando a ignorância faz vítimas inocentes




Pela ética e pela saúde das nossas crianças e suas famílias temos de combater a ignorância de terceiros que fogem quando a floresta arde, deixando para trás as vítimas inocentes.

As perturbações do neurodesenvolvimento são um grupo de doenças causadas por um desenvolvimento anormal do cérebro, com repercussões neuroquímicas e com alto teor genético, com manifestações clínicas nos primeiros anos de vida.

São caracterizadas por défices que afetam o funcionamento pessoal, social, académico ou ocupacional. Limitam-se a pouco mais de meia dúzia, nomeadamente perturbação do desenvolvimento intelectual, perturbações da comunicação (linguagem, fala, comunicação social, etc.), perturbação do espectro do autismo, perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA), perturbação de aprendizagem específica, perturbações motoras (desenvolvimento da coordenação e movimento estereotipado), perturbações de tiques (incluindo Tourette), Síndrome de X-Frágil e outras perturbações não especificadas.

A PHDA é, tal como a perturbação do espetro do autismo, uma das mais estudadas, a mais frequente, mas em pleno séc. XXI, infelizmente a mais discriminada. Pela sua elevada incidência associada ao grande impacto social e patológico, é considerada pelas agências competentes de saúde a nível global como uma patologia de alto risco para a saúde pública.

Um dos aspetos que distingue a PHDA de todas as outras, é a existência duma abordagem terapêutica farmacológica com elevada eficácia, a curto e a longo prazo, e um padrão de segurança ímpar entre os fármacos em geral e os psicofármacos em particular. Os medicamentos atualmente aprovados para a PHDA em Portugal são o metilfenidato (impropriamente designado por “ritalina”), a lisdexanfetamina e a atomoxetina. É de notar que vários estudos parecem apontar que o metilfenidato não só é benéfico no controlo da patologia, mas também parece beneficiar o cérebro das crianças com PHDA. Por exemplo, estudos de ressonância magnética estrutural e funcional têm vindo a revelar que a massa cerebral total de crianças com PHDA que tomam a medicação é igual às que não sofrem da patologia. Em contraste, nas crianças com PHDA que não tomam medicação, têm um volume de massa cerebral reduzido, comparado com os que tomam e com as que não sofrem da patologia.

Contudo, má informação, medos, estigma, dúvidas sobre a sua existência ou completa desinformação sobre a medicação e farmacocinética, contribuem em grande parte para que a PHDA seja a mais incompreendida perturbação do neurodesenvolvimento.



Os mitos do costume


Apesar dos avanços no conhecimento da PHDA, continuamos a ver abordagens públicas a esta perturbação que não têm em consideração o impacto que determinadas opiniões, menos fundamentadas, podem ter nos pacientes e nas suas famílias. Num mundo em que a comunicação é pensada ao milímetro, prefere-se o sensacionalismo, recorrendo a títulos e conteúdos cientificamente incorretos, ignorando o contributo que se está a dar para o aumento do estigma associado a esta entidade.

Assumem-se como verdades incontornáveis, uma série de mitos e equívocos sem qualquer validade científica, potencialmente perigosos e um risco à saúde pública, tais como:

    A PHDA é um problema benigno, uma variante do normal, não existe como doença, é um diagnóstico inventado com o propósito de medicar crianças “normais”, por pressão dos pais ou dos professores.
    A PHDA é consequência das incapacidades das famílias, de falta de força de vontade e desmotivação das crianças e de problemas sociais;
    Há um excesso de diagnóstico e medicação no nosso País;
    O excesso de diagnóstico da PHDA está relacionado com a falta de psicólogos nas escolas. Se houvesse o número suficiente destes profissionais o problema era identificado precocemente evitando-se o uso de medicação;
    A intervenção não farmacológica (psicológica e educativa, para não falar em pseudociências como a hipnose, acupuntura, homeopatia, reiki, em dietas sem nexo e validação científica, além de outras intervenções não científicas) é tão eficaz como os fármacos;
    A Ritalina [o metilfenidato] é um calmante, um espartilho químico e atua tornando as crianças “zombies”;
    A medicação pode ter alguns ganhos imediatos mas a longo prazo, tem efeitos secundários terríveis e catastróficos no desenvolvimento cerebral.

Quem paga o preço caríssimo pela negação da patologia são sempre os inocentes: a criança (e o seu futuro) e a sua família. Os pais, na sua maioria bastante competentes, influenciados por falsa informação, por incompetentes no ramo da saúde e por ideologia panfletária e populista de alguns partidos em que o seu conhecimento científico é praticamente nulo, tornam as crianças doentes, com famílias desesperadas em bodes expiatórios incompetentes. Por outras palavras, ideologias e ignorância fazem vítimas inocentes. A questão é: quem fica depois responsável por estas crianças e suas famílias? Onde estão os opinadores e ideólogos quando a floresta arde? Quem apaga o fogo?


Leia mais aqui : https://observador.pt/opiniao/perturbacao-de-hiperatividade-e-defice-de-atencao-quando-a-ignorancia-faz-vitimas-inocentes/?fbclid=IwAR2-x-kJNuq5oWL-QeWWCqlX6mbqvifaBeYjMpuTQ8gB6vKCsS2APhod85Y


**José Boavida é Pediatra do Neurodesenvolvimento e Presidente da Sociedade Portuguesa de Défice de Atenção – SPDA; Miguel Mealha Estrada é Especialista em Neurodesenvolvimento**



Vale a pena visitar : http://acasadopedrinho.com/blog/
« Última modificação: 24/08/2019, 01:34 por AREZ »
 

 



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