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Autor Tópico: Da febre ao autismo: a desinformação que culpa as mulheres  (Lida 27 vezes)

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Online Nandito

 
Da febre ao autismo: a desinformação que culpa as mulheres

30 de Setembro de 2025, 21:48


Mário André Macedo

Os responsáveis por esta campanha de desinformação acerca do parecetamol estão a ignorar a realidade para alimentar uma agenda de ganhos políticos.

A ascensão de correntes políticas anticiência, particularmente visível nos EUA, tem aproveitado todos os momentos para atacar as vacinas. Em público, mas também por via institucional: painéis consultivos são demitidos, o acesso a vacinas é restringido, difusores de teorias da conspiração são recrutados para cargos de topo e diretores de agências como o CDC norte-americano (o equivalente à nossa DGS) são censurados ou afastados por não alinharem com as novas políticas.

Nas últimas semanas, tornou-se evidente que não se trata apenas das vacinas. O ataque é toda uma ofensiva ideológica da extrema-direita à saúde, ciência e ao papel da mulher na sociedade. O caso mais recente é um exemplo perfeito: a culpa do autismo, alegam, é das mulheres grávidas que tomam paracetamol. O problema é a velocidade com que estas narrativas atravessam o Atlântico. Já se observam publicações de supostos influenciadores digitais a partilhar exatamente as mesmas alegações. Infelizmente, também se torna um problema nosso que tem de ser abordado com rigor e ciência.

A febre durante a gravidez, embora não seja comum e deva sempre motivar avaliação médica, pode ocorrer. Além do desconforto natural que causa, a febre na mulher na grávida está associada a um maior risco de malformações congénitas. O mecanismo é relativamente simples de explicar: a temperatura elevada interfere com a síntese proteica o que pode danificar a formação das membranas celulares. É crucial salientar que falo de aumento de risco e não de uma relação de causa-efeito. Felizmente, a maioria das grávidas com episódios de febre não tem bebés com malformações.

O que nos leva à segunda parte desta questão. De um ponto de vista puramente especulativo, estas alegações só fariam algum sentido se o consumo de paracetamol por grávidas estivesse a aumentar. No entanto, é fundamental ser rigoroso e recordar o princípio básico da ciência: “correlação não implica causalidade”.

Ora, os dados negam este aumento do consumo. No período 2011-2020, mais de três milhões de grávidas foram seguidas, tendo sido registado o consumo de medicação durante a gravidez. O consumo de analgésicos, de uma forma geral, diminuiu durante o período, de 30% das mulheres para 24%. Especificamente, o uso de paracetamol associado a opiáceos caiu de 25% para 16%, enquanto o seu uso isolado se manteve estável em 7%. Estes dados não apontam para um problema de saúde pública. Pelo contrário, indicam que os responsáveis por esta campanha de desinformação estão a ignorar a realidade para alimentar uma agenda de ganhos políticos.

Tal como no caso do ataque à vacina contra a hepatite B, afirmando que a culpa era de mães promíscuas ou consumidoras de drogas injetáveis, neste caso também se evidencia um ataque às mulheres. A ciência não tem, ainda, respostas para o que causa autismo, muito menos sobre uma possível cura. Sabemos que é uma condição com relatos da sua existência desde os primórdios da humanidade. Perante a falta de respostas, a explicação sempre passou por culpar o sobrenatural, ou, invariavelmente, as mulheres. Se esta atitude já era condenável na Europa medieval, é absolutamente intolerável em 2025.

O autor escreve segundo o acordo ortográfico de 1990






Fonte: www.publico.pt                       Link: https://www.publico.pt/2025/09/30/opiniao/opiniao/febre-autismo-desinformacao-culpa-mulheres-2149107
"A justiça é o freio da humanidade."
 

 



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