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Autor Tópico: Amputado aos 19 anos, medalhado paralímpico aos 27, primeiro astronauta com deficiência aos 43. Eis  (Lida 416 vezes)

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Amputado aos 19 anos, medalhado paralímpico aos 27, primeiro astronauta com deficiência aos 43. Eis John McFall, o “aventureiro curioso”

Expresso
Pedro Barata - Jornalista
28 ago 2024 14:19



picture alliance

Um acidente de mota mudou a vida do britânico, que se tornou numa referência nos 100 e 200 metros do desporto adaptado, ganhando uma medalha nos Jogos Paralímpicos de 2008. Médico e investigador, foi eleito para um estudo da Agência Espacial Europeia que, após vários meses de testes, provou que pessoas com deficiência podem ser astronautas. O objetivo é, agora, passar seis meses na Estação Especial Internacional, permitindo “questionar a narrativa e os preconceitos atuais” e “promover oportunidades para pessoas que, agora, não as têm”

John McFall era um adolescente britânico que gostava de fazer atletismo, jogar hóquei e tocar guitarra. Tinha o sonho de fazer carreira no exército, mas era, sobretudo, um rapaz muito ativo, cheio de energia.

Terminado o secundário, e antes da faculdade, decidiu fazer o clássico gap year, um ano de pausa nos estudos. Foi viajar, chegou à Tailândia. Certo dia, estava a andar de mota e teve um grave acidente, sendo imediatamente transportado para um hospital em Bancoque.

Quando voltou para o Reino Unido, McFall tinha uma perna amputada. O adolescente viveu “tempos negros”, lembra, mas encontrou consolo no desporto. Começou a fazer atletismo adaptado, adorava “sentir o vento a percorrer o corpo” quando corria.

Participou numa primeira corrida em 2004 e o êxito no desporto adaptado foi imediato. No ano seguinte, ganhou uma medalha de bronze nos 200 metros (classe T42) nos Europeus Paralímpicos. Simultaneamente, tirou uma licenciatura em Ciências do Desporto e do Exercício, tornando-se um teórico e um prático da atividade física, participando ativamente no desenvolvimento de novas próteses para utilizar.

Assim, anos depois da viagem de regresso a casa com a perna amputada acima do joelho, McFall tornou-se um dos homens mais rápidos do mundo no desporto adaptado. O auge da carreira desportiva chegaria em Pequim 2008, com um bronze nos 100 metros (classe T42) nos Jogos Paralímpicos.



Andrew Wong

Mas ser medalhado paralímpico oito anos depois da amputação não seria o único ponto alto da jornada de John. Em 2014, tirou uma outra licenciatura, desta feita em medicina e cirurgia, tornando-se especialista em traumatologia.

Certo dia, um amigo enviou-lhe um formulário de candidatura para participar num estudo. Tratava-se de um projeto da Agência Espacial Europeia, com o objetivo de encontrar o primeiro astronauta com deficiência da história. McFall candidatou-se e, em 2022, foi aceite para o estudo.

Em julho de 2024, poucas semanas antes dos Jogos Paralímpicos, os responsáveis do trabalho concluíram que não há qualquer impedimento para que McFall, ou outra pessoa com deficiência que supere os testes que o britânico superou, seja astronauta. Assim, John McFall, de 43 anos, detém, orgulhosamente, o título de primeiro para-astronauta de sempre, integrando a equipa de reservas da Agência Espacial Europeia.

Para participar no estudo, os conhecimentos técnicos — possui, ainda, um mestrado em biomecânica — e a aptidão física do medalhado de Pequim 2008 foram requisitos fundamentais. “Os meus estudos foram incrivelmente úteis. Sendo um atleta amputado, não sou um amputado passivo. Envolvo-me muito nos meus tratamentos, sei como funcionam as próteses, testo soluções novas”, disse o astronauta ao portal Space.com, ele que utiliza três próteses diferentes, uma para o quotidiano, outra para praticar ciclismo e outra para o atletismo.

Após entrar no estudo, John passou os últimos meses em testes intensos no centro de astronautas europeus de Colónia, na Alemanha. Participou em voos de microgravidade, que simulam as condições que há no espaço, e atestou-se que o britânico age “com muita soltura” nessas circunstâncias, conseguindo apanhar guloseimas que estejam a voar; foi lançado à água, num fato de neoprene, para simular resgates no mar e foi bem-sucedido; conseguiu ajudar a extinguir incêndios numa nave; foi capaz de abandonar o veículo espacial com “impressionante rapidez” numa simulação de emergência.

Apesar de haver um aumento da intensidade das forças da gravidade causado pela prótese, a equipa da Agência Espacial Europeia deu o seu carimbo para a conclusão com êxito do estudo. “Posso ser mais um elemento da tripulação, fazer o que os outros fazem”, assegura McFall.

Com este trabalho, John deseja que se possa “questionar a narrativa e preconceitos atuais”. “Isto vai chegar à sociedade: se há um astronauta com deficiência, não pode haver um polícia porquê? É importante que o legado deste estudo seja promover oportunidades para pessoas que, agora, não as têm. Há profissões em que se excluem imediatamente pessoas com deficiências, sem importar quais sejam ou se limitam, de facto, àquela atividade. É isso que se questiona aqui.”



John McFall com a medalha de bronze que ganhou nos Jogos Paralímpicos de 2008, em Pequim
Julien Behal - PA Images


John define-se como um “aventureiro curioso”. Em 2008, depois dos Jogos Paralímpicos, decidiu ir ao Reino Unido numa longa viagem de quatro meses: apanhou o transiberiano, viajando da China até à Rússia, passando pela Mongólia. De Moscovo foi, também de comboio, para a Ucrânia, de lá para a Hungria e depois Croácia. Apanhou um barco para Itália, encontrando-se com a sua namorada em Roma. O casal foi, de comboio, subindo até Londres.

John McFall está, agora, em Paris, onde participa em vários eventos relacionados com os Jogos Paralímpicos. Acredita que o desporto adaptado tem a “capacidade brutal” de fazer “as pessoas apreciarem” o que "normalmente lhes passa despercebido". “Os Jogos são uma montra muito poderosa para que o mundo possa ver o que estas pessoas conseguem fazer”, diz.

Na vida cheia do britânico, o objetivo é, agora, passar seis meses na Estação Especial Internacional, algo que terá de acontecer até 2030, data prevista para o fecho da veterana instalação, o único lugar habitado permanentemente fora da Terra. Qual será o desafio seguinte? Para McFall, o céu parece (literalmente) ser o limite.






Fonte: sapo.pt                    Link: https://www.sapo.pt/noticias/desporto/amputado-aos-19-anos-medalhado-paralimpico_66cf24cc1cf16e64802d99df
 

 



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