Estudo científico revela novas aplicações
Células estaminais podem reparar defeitos ósseos
Um estudo publicado na revista “Tissue Engineering” demonstra que as células estaminais do sangue do cordão umbilical podem vir a ser usadas na reparação de defeitos ósseos causados por traumatismos, infecções, tumores ou malformações congénitas.
Neste estudo, realizado em ratinhos e desenvolvido no laboratório do Shanghai 9th People’s Hospital, na China, testou-se a capacidade de diferenciação osteogénica (em células ósseas) e de formação de osso a partir de células estaminais mesenquimais de sangue do cordão umbilical, um tipo de célula que se pode transformar em osso, cartilagem ou gordura.
Os ratinhos, aos quais foram provocadas lesões nos ossos parietais (do crânio), foram posteriormente tratados com uma combinação de matrizes ósseas parcialmente desmineralizadas e células estaminais mesenquimais do sangue do cordão umbilical. Algumas semanas após o tratamento, os ratinhos lesionados apresentaram melhorias visíveis.
Exames posteriores ao tecido ósseo revelaram que às 12 semanas a lesão dos ratinhos tinha sido reparada. Os resultados demonstram que as células estaminais mesenquimais do sangue do cordão umbilical podem funcionar como uma fonte alternativa à medula óssea na engenharia de tecidos.
Rui L. Reis, director do grupo 3B´s e do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, com sede na Universidade do Minho, presidente para a Europa da Sociedade Mundial de Engenharia de Tecidos e medicina Regenerativa, e actual presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular, considera que “estes resultados são muito interessantes e promissores. O presente estudo, de que tive conhecimento prévio como membro do corpo editorial da revista, foi desenvolvido pelo principal (e muito respeitado) grupo Chinês a trabalhar neste domínio, liderado pelo Prof. Yilin Cao. Os resultados vêm provar o que eu e outros investigadores sempre temos vindo a dizer: há que olhar para o futuro e não são para as actuais aplicações das células do cordão umbilical ao pensar na criopreservação. Há no cordão não só células hematopoéticas, mas também, como aqui foram estudas, células mesenquimais. Num futuro próximo, como sempre afirmei, estas células não servirão só para tratar síndromes e deficiências ligadas doenças sanguíneas, mas também, para regenerar tecidos e curar diversas patologias e solucionar diferentes situações traumáticas. O nosso laboratório, que é líder Europeu na área de engenharia de tecidos ósseos, tem vindo a obter resultados semelhantes aos reportados por estes conceituados investigadores chineses com quem colaboramos.”
Fonte:LPM Comunicações