Cerca de 90% dos medicamentos são receitados pela marca
Cerca de 90% dos medicamentos receitados em Portugal são prescritos pela marca e não pela substância activa, revelou o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.
Destes, só em metade é que o médico autoriza a troca por um outro medicamento, adiantou ainda Pedro Lopes, numa audição, esta quarta-feira, na comissão parlamentar de saúde, onde se debateu a prescrição de remédios por denominação comum internacional (DCI) ou substância activa.
Assim, segundo os administradores hospitalares, só 10% dos medicamentos receitados no país são feitos através da denominação comum internacional.
Para o PCP, os números revelados mostram que "é útil e desejável" a prescrição por substância activa. "Dizem por aí que já há prescrição por DCI, mas não há. Quando falamos de prescrição por DCI queremos dizer exclusivamente por DCI", referiu o deputado Bernardino Soares.
No início deste mês, o Presidente da República Cavaco Silva vetou o diploma do Governo que instituía a obrigatoriedade de prescrição por substância activa, com o chefe de Estado a alertar para os perigos provocados pela possibilidade de alterar sistematicamente os medicamentos com base na opção do utente e na disponibilidade de cada marca.
O PSD, pela voz da deputada Clara Carneiro, fez eco destas preocupações na comissão, ao dizer que o importante é "garantir que não há confusão do doente na adesão à terapêutica". "O PSD preocupa-se em garantir que o doente não está sempre a mudar de um genérico para outro", justificou.
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares defendeu a obrigatoriedade de prescrição por DCI e propôs ainda que as farmácias sejam obrigadas a ter sempre disponíveis os cinco medicamentos mais baratos.
Não será assim tão caro esse investimento. Isso devia ser obrigatório, sob pena de o utente acabar por aviar um produto que afinal não é o mais barato", sugeriu.
Diário Digital / Lusa