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..:: Deficiente-Forum - Temas da Actualidade ::.. Responsável: Nandito => Bem - Estar, Saude e Qualidade de Vida => Notícias de saúde => Tópico iniciado por: migel em 20/02/2011, 19:00
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Mercer lança estudo Pan-Europeu de Saúde e Benefícios.
Custos aumentaram em 2010.
?O aumento dos custos com os benefícios de saúde em Portugal situou-se acima da média europeia, com 4,1%
? A nível europeu, registou-se um acréscimo médio de 3,3% nos custos dos benefícios de saúde para os colaboradores em 2010
?Inflação médica, aumento da utilização, demografia e complexidade dos procedimentos médicos são as principais causas do aumento dos custos
O custo dos planos médicos e benefícios de saúde para os colaboradores aumentou em média, na Europa, 3,3% no ano de 2010, um aumento superior à inflação e evolução de salários na maioria das economias. As empresas em Portugal suportaram um aumento de 4,1%, superior à média europeia, acima da inflação e dos aumentos salariais. O aumento dos custos foi mais significativo na Irlanda e no Reino Unido, no que respeita a países europeus, com 4,9%. Comparativamente, nos E.U.A. o aumento médio por colaborador dos custos com saúde atingiu os 6,9% em 2010.
O aumento dos custos médicos deriva principalmente dos avanços tecnológicos e em investigação, que resultam em ferramentas de diagnóstico e procedimentos cada vez mais eficientes, mas por outro lado, cada vez mais dispendiosos. Adicionalmente, o envelhecimento da população e as incertezas nos mercados financeiros estão a levar os governos a cortar nos benefícios de saúde e no nível de protecção dos mesmos, em resposta a orçamentos nacionais cada vez mais restritivos.
De acordo com Paulo Fradinho, Responsável pela equipa do Projecto, “os governos estão a transferir os custos com os benefícios de saúde para as empresas e para as pessoas, através da redução dos benefícios fiscais, redução do âmbito dos serviços do SNS, privatizações, maior partilha de custos e restrições na elegibilidade ou programas de opting-out. Por outro lado, as empresas estão também sob pressão dos colaboradores e sindicatos para melhorar os benefícios de saúde.”
O inquérito mostrou que os planos médicos privados, que incluem tanto planos de inclusão obrigatória como voluntária, são disponibilizados por praticamente todos os participantes (93%) nos países com sistemas de saúde com financiamento público, incluindo a Irlanda, Reino Unido, Portugal, Espanha e Itália. Por outro lado, este benefício é prestado por apenas 74% dos participantes nos países com modelos de seguro social, como a Áustria, República Checa, França, Alemanha, Polónia, Suiça e Holanda. Alguns destes países dispõem de sistemas públicos de saúde generosos e eficientes, o que diminui o valor de providenciar um benefício privado de saúde pelas empresas.
Custo dos benefícios de saúde
As empresas que operam em países com sistemas de saúde com financiamento público apresentaram aumentos ligeiramente superiores, em média 3,7%, no custo por colaborador com os benefícios de saúde, face aos países com seguros sociais, com aumentos médios de 2,9%. Os participantes do Reino Unido e Irlanda apresentaram os maiores aumentos (4,9% cada), seguidos de Portugal (4,1%) e Holanda (3,7%). A Alemanha e a República Checa reportaram os menores aumentos de custos, 1,7% e 1,8%, respectivamente.
“A Alemanha e a República Checa são países com sistemas públicos generosos” afirma Paulo Fradinho, “pelo que as empresas estão mais orientadas para oferecer aos seus colaboradores benefícios relacionados com a promoção do bem-estar e prevenção da doença, que planos médicos. Existe uma menor exposição ao risco e volatilidade, pelo que o aumento dos custos médicos é menor. Por oposição, temos a situação do Reino Unido, Portugal ou Espanha.”
“I”, prossegue, “o nosso inquérito demonstrou que a maior parte das empresas não estão dispostas a restringir a elegibilidade ou o âmbito das coberturas do plano médico, ou a transferir mais custos para os colaboradores. Para manter os custos baixos, as empresas estão mais focadas em medidas que não afectam directamente o colaborador, como a negociação com as seguradoras ou melhorias na gestão e monitorização dos planos.”
Analisando por país, os dados evidenciam as diferentes causas por detrás do aumento dos custos de saúde através da Europa. Na Irlanda, Polónia, Reino Unido e Espanha, a “inflação médica” – os custos dos tratamentos e medicamentos – foi identificada como a principal causa. Na República Checa e Portugal, foi “o aumento da utilização dos benefícios de saúde”. As alterações legislativas e regulatórias tiveram maior impacto em França e na Holanda, enquanto que na Alemanha, os participantes apontaram o “aumento da complexidade e custos dos procedimentos médicos”.
É interessante verificar, que no actual período de cortes nos custos, a maioria dos participantes (72%) não requer qualquer contribuição dos colaboradores para o financiamento do plano médico. No entanto, esta percentagem varia por país. 80% dos participantes franceses requerem uma contribuição do colaborador para o financiamento do seu próprio prémio, em contraste com o Reino Unido, com apenas 8%. As contribuições para o financiamento do prémio do agregado familiar são muito mais comuns. No Reino Unido, por exemplo, 47% dos participantes requerem contribuição.
“A partilha de custos apresenta-se como uma medida lógica para mitigar o aumento dos custos para as empresas. O facto de não ser amplamente utilizada reflecte, não só, práticas de mercado estabelecidas e diversas, como também as estratégias de compensação das empresas, negociações com sindicatos e competitividade ao nível sectorial”, diz Paulo Fradinho. “Em alguns países, a eficiência fiscal e a dedução de despesas de saúde e prémios de seguros afecta as decisões das empresas relativamente ao nível das contribuições realizadas pelos colaboradores”. Nas empresas que requerem contribuição dos colaboradores, o valor médio situa-se nos 46% do valor total do prémio (ou custo) do colaborador e 68% do prémio do agregado familiar.
Objectivos para os programas de benefícios de saúde
A razão pela qual as empresas participantes estão relutantes em transferir custos para os colaboradores é clara: a atracção e retenção dos melhores talentos é citada como o objectivo mais importante para a oferta de benefícios de saúde, com 37% dos participantes a classificá-la como muito importante e 36% como importante.
“A capacidade para diferenciar a sua empresa no mercado de trabalho através da disponibilização para o colaborador e o seu agregado familiar de bons benefícios é crucial, especialmente num período em que a flexibilidade dos salários é reduzida”, comentou Paulo Fradinho.
“As empresas estão conscientes de que colaboradores saudáveis são colaboradores produtivos, pelo que cortar nos benefícios de saúde poderá ser contraproducente a longo prazo. É do seu interesse providenciar aos colaboradores um bom plano médico”.
Gerir os riscos de saúde dos colaboradores foi classificado como um objectivo importante ou muito importante por cerca de dois terços dos participantes (63%). Mais de metade (53%) citou o aumento da produtividade como um objectivo importante ou muito importante. Como esperado, os participantes de países com sistemas nacionais de saúde fortes, como a Alemanha ou a Holanda, destacaram o aumento da produtividade, uma vez que os benefícios concedidos pelas empresas não são considerados vitais em países com melhores cuidados de saúde. No entanto, os benefícios de saúde, são considerados como uma importante ferramenta de atracção pelos participantes do Reino Unido, Irlanda e Espanha, onde os serviços nacionais de saúde apresentam alguns problemas de qualidade. 66% dos participantes sentem que as futuras reformas nos sistemas de segurança social irão aumentar a pressão sobre as empresas para a prestação de benefícios de saúde privados.
“Em quase todos os países, as empresas vêem oportunidades no investimento em planos de benefícios”, disse Paulo Fradinho. “É especialmente evidente em países com sistemas de saúde que apresentam deficiências, tais como longas filas de espera, dificuldades na acessibilidade, falta de pessoal médico, maiores taxas e menor qualidade nos serviços. Os investimentos em planos de benefícios continuam a ser eficientes fiscalmente, tanto para a empresa, como para o colaborador e ajudam na atracção e retenção dos melhores colaboradores. O desafio é atingir o máximo retorno possível do investimento através da melhoria da produtividade enquanto se mantêm os custos com os benefícios sob controlo”.
Os dados, relativos a de 2010, foram recolhidos durante o Survey Pan-Europeu de Saúde e Benefícios da Mercer O inquérito foi realizado em 14 países europeus e responderam 556 empresas. Os benefícios de saúde incluem seguros de saúde privados e também benefícios relacionados com o bem-estar e promoção da saúde, que incluem complemento de subsídio de doença, cobertura para doenças graves, programas de assistência aos colaboradores, acesso a estomatologia e optometria, check-up, inscrição em ginásios e programas de promoção do bem-estar.
A Mercer recebeu respostas de empresas em 14 países europeus, mas apenas apresenta resultados separados para 10 países. Os quatro países em causa – Áustria, Rússia, Bélgica e Suiça – estão representados nos resultados totais, mas obtiveram poucas respostas de forma a permitir uma análise individual válida.
Aumento médio no custo dos benefícios de saúde por colaborador entre 2009 e 2010, por país
País Aumento médio
Todos os participantes 3.3%
Reino Unido 4.9%
Irlanda 4.9%
Portugal 4.1%
Holanda 3.7%
Polónia 3.3%
França 2.7%
Itália 2.3%
Espanha 2.1%
República Checa 1.8%
Alemanha 1.5%
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