Quimioterapia é realizada em contentores sem espaço
Doentes e profissionais queixam-se de falta de condições. Ampliação já foi autorizada
Os tratamentos de Oncologia no Hospital de Gaia são realizados em contentores, desde meados de Setembro. O espaço é pequeno e há falta de privacidade. Utentes e profissionais queixaram-se e a Administração já autorizou a ampliação dos pré-fabricados.
A construção do novo hospital de Gaia, prometida há vários anos mas ainda sem data para arrancar, motivou a transferência de alguns serviços do edifício "Satélite" (o primeiro a ser demolido quando a obra começar) para os contentores. Os pré-fabricados - que já receberam a Urgência e o serviço para a gripe A - acolhem agora o chamado Pavilhão de Ambulatório. Ali, estão concentrados os serviços de Hematologia, o hospital de dia polivalente, a Imunoalergologia, a Oncologia e as doenças infecto-contagiosas. E ali ficarão até que o novo hospital seja concluído, algo que, a correr bem, poderá levar cerca de seis anos.
A transferência trouxe problemas, sobretudo, à Oncologia. A sala de tratamentos, que chega a receber 70 doentes por dia, é exígua para os 13 cadeirões, que distam poucos centímetros entre si. Frequentemente, há doentes que vomitam por causa dos medicamentos administrados e isso acontece à frente de todos, contaram, ao JN, familiares de utentes que pediram para não serem identificados. Aliás, a falta de espaço e de privacidade gerou várias queixas de doentes e profissionais, soube o JN.
As reclamações foram reportadas à administração que, na sexta-feira passada, autorizou a aquisição de novos contentores para ampliar o espaço de tratamentos de Oncologia, assegurou Serafim Guimarães, adjunto da direcção clínica e responsável pelo pavilhão de ambulatório.
Serafim Guimarães não soube precisar a área dos novos pré-fabricados, porque ainda não foram encomendados, mas o espaço entre as cadeiras passará a ter entre um metro e um metro e meio, revelou Céu Amorim, enfermeira responsável pelo pavilhão de ambulatório. Serão também alargadas as salas de espera. Os responsáveis não avançaram datas para a concretização da ampliação. Serafim Guimarães garantiu apenas que "esta é, agora, uma prioridade da administração".
No edifício "Satélite", assegurou o adjunto da direcção clínica, a área de quimioterapia era sensivelmente a mesma, mas estava dividida em duas salas, dando uma maior sensação de privacidade. "Se forem cumpridas as áreas entre cadeiras, o open space é uma mais valia", defende Céu Amorim, explicando que aquela distribuição permite aos profissionais uma melhor percepção do que se passa em volta.
Na sala de quimioterapia, os contentores permitiram criar dois espaços, cada um com uma cama, para doentes que precisam de receber o tratamento deitados, seja pela especificidade da patologia ou por estarem debilitados. "Nesse aspecto melhorámos, no edifício antigo também havia duas camas, mas estavam separadas das cadeiras apenas por cortinados", notou Céu Amorim.
Os restantes serviços saíram a ganhar com a mudança, consideram os responsáveis, lembrando que o edifício Satélite tem quase 50 anos e as condições também já não são as melhores. A transferência foi feita de acordo com o programa funcional do futuro hospital, aprovado pela ministra da Saúde, que concentra os hospitais de dia.
Os serviços que ainda se encontram no edifício Satélite só serão deslocados quando for lançado o concurso para concepção e construção do novo hospital de Gaia.
JN