Covid-19. «Impõe-se manter as medidas de contenção», diz MarceloPor Ana Rita Rebelo 14:25, 31 Mar 2020
«No futuro imediato, impõe-se manter as medidas de contenção», defendeu o Presidente da República, após uma «longa e muito participada» reunião com autoridades de saúde e especialistas do Infarmed para decidir o prolongamento do Estado de Emergência, que vigora até 2 de Abril.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou duas conclusões. A primeira, é que «olhando para a evolução da curva dos casos positivos dos portugueses detectados como infectados, há uma diferença apreciável entre a primeira fase dessa infecção e a fase mais recente e, mais do que isso, a continuar o que parece ser uma tendência, temos uma fixação em valores que podem vir a ser metade, claramente menos de metade em média daqueles que se verificavam na primeira fase e podem significar uma correlação com encerramento de escolas e com medidas de contenção já adoptadas». Se for assim, «essa é uma boa notícia a premiar o esforço dos portugueses que assumiram como tarefa colectiva compreender essa auto-contenção», sublinha.
A segunda conclusão é de que «vale a pena manter as medidas de contenção». «Impõe-se manter as medidas de contenção», reiterou, acrescentando que esta foi, aliás, uma «opinião unânime» entre os epidemiologistas, o primeiro-ministro, líderes partidários, parceiros sociais e conselheiros de Estado que estiveram na sessão técnica.
Governo decide futuro das escolas a 9 de Abril
O chefe de Estado revelou ainda que no próximo dia 7 de Abril haverá uma reunião para discutir e apreciar a situação das escolas. «No dia sete vai haver outra reunião técnica para analisar a evolução dos dados e as previsões dos especialistas, tendo em conta a decisão a tomar pelo Governo no dia nove», disse Marcelo, destacando que essa é, no entanto, «uma competência exclusiva do Governo».
Questionado sobre os testes à Covid-19, apontou que «o escalonamento da realização dos testes tem a ver com as prioridades em cada momento».
Sobre um eventual prolongamento do Estado de Emergência, adiantou que será revelado amanhã e que tudo depende da evolução da pandemia durante os próximos dias e da respectiva avaliação pelas autoridades de Saúde. Ainda assim, o Presidente diz que esta sessão foi um «passo importante», uma vez que vai ao encontro do que disse ontem o primeiro-ministro quanto ao ponto de vista do Governo sobre a manutenção de medidas restritivas. «O passo seguinte será naturalmente o da posição formal do Governo em concertação com o Presidente da República e depois a autorização da Assembleia da República, mas não escondo que da reunião de hoje decorre muito claramente como é importante dar um sinal de manutenção daquilo que foi adquirido e foi uma conquista dos portugueses», realçou Marcelo.
Quanto ao conteúdo do documento, o Presidente crê que é «prematuro» estar a avançar com algo. «Tudo tem o seu momento. Acontecerá o que tiver de acontecer nos próximos dois dias e depois daqui a uma semana estaremos todos a ouvir os especialistas sobre uma matéria específica do governo e que supõe uma decisão no dia nove», insistiu.
O que diz Costa?Nesta segunda-feira, o chefe do Governo considerou que «neste momento, nada justifica a alteração das coisas. Têm estado a correr muitíssimo bem», considerou o chefe do Governo.
No final de uma visita às obras de recuperação do antigo Hospital Militar de Belém, em Lisboa, sobre o prolongamento do estado de emergência, que termina esta semana, Costa disse que «o Presidente da República tomará esta semana a iniciativa de renovar ou não o estado de emergência» e que, nessa altura, o Governo dará a sua opinião e haverá uma decisão da Assembleia da República. «Creio, sem fazer futurologia, que o expectável é que, sabendo nós que temos tido sucesso – felizmente – em baixar o pico desta pandemia, isso significa que vamos ter de prolongar também as medidas que têm vindo a ser adoptadas, com estado de emergência ou sem estado de emergência».
Portugal regista, neste momento, 160 vítimas mortais por Covid-19, mais 20 do que ontem, segundo o balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgado nesta terça-feira. Quanto ao número de casos confirmados, subiu para 7.443 casos de infecção, mais 1.035 que o que tinha registado no arranque da semana.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infectou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 38 mil.
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