Mariana ficou tetraplégica aos 8 anos, mas aos 26 pinta, faz exposições e é felizMariana Chaves Teixeira é o nome que se lê no bilhete de identidade, mas isso só por si diz pouco desta mulher, adulta, física e intelectualmente diferente, que agora projeta a sua identidade em telas de grande dimensão, a várias cores, e construídas com pequenos gestos da mão direita. Mariana é hoje nome de "artista plástica", de "profissional das artes", mas, acima de tudo, é nome de exemplo, de luta, de sobrevivência, de energia e de vida. É o que acontece quando as expectativas são iguais para todos
Ana Mafalda Inácio (Textos) Paulo Spranger (Fotos)
09 Outubro 2022 — 00:00

Mariana Chaves Teixeira faz 27 anos a 2 de janeiro e está a trabalhar em mais uma tela de acrílico de garnde escala
Da Mariana do passado, criança, extrovertida, aventureira, excelente aluna, bailarina, praticante de ballet e já com o gostinho pela pintura, à Mariana do presente, mulher, adulta e tetraplégica, há 18 anos de diferença. O corte ocorreu a 12 de março de 2004, "o dia fatídico do acidente, um atropelamento", contextualiza a mãe, Felicidade Teixeira, de 60 anos, que remata de imediato: "Mas o importante é que a Mariana está cá. E para nós, pais, é uma felicidade imensa termos cá a nossa filha, num registo diferente, é certo, mas é a nossa Mariana."
Felicidade fala com o DN sentada na sala da sua casa onde não passa despercebido o antes e o depois da Mariana. Uma foto de criança vestida de bailarina, tirada pouco tempo antes do acidente remete-nos para o olhar destemido e aventureiro que a mãe já tinha descrito, tal como a natureza morta, bem desenhada em traço infantil, numa das paredes, nos transporta para o tal gostinho pela pintura desde pequena.
E é este que hoje tem marca em toda a casa, já que os quadros da primeira exposição da Mariana - como artista plástica, como profissional das artes, aberta ao público até há pouco tempo, na Galeria 1, em Évora, que contou com o apoio da Direção Regional da Cultura do Alentejo, e cujo mote era "Até ao Ar Livre" - compõem as paredes desde a entrada aos quartos até à sala.
Por agora, é ali que ficam. "Não queremos vender, é um trabalho muito nosso, de todos, com que queremos ficar, mas se ela algum dia quiser vender algum dos seus quadros será feita a sua vontade", argumenta Felicidade.
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