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Autor Tópico: As pessoas com deficiência não precisam de caridade, precisam de oportunidade  (Lida 737 vezes)

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Online Nandito

 
As pessoas com deficiência não precisam de caridade, precisam de oportunidade

14 novembro 2023 16:30


Frederico Fezas Vital


A perspetiva condiciona absolutamente a nossa compreensão da realidade. Aliás, ela delimita a própria realidade – para onde olhamos, e de onde olhamos, passa a ser tudo o que existe. Se não formos capazes de adotar várias perspetivas em simultâneo, muitas perceções nos vão faltar, e teremos necessariamente uma compreensão incompleta e parcial da realidade

A questão da inclusão de pessoas com deficiência é, como todas as grandes questões da diversidade e da inclusão, na sociedade em que vivemos, dependente da perspetiva que se adota relativamente aos temas em discussão. O que nos é pedido, enquanto cidadãos conscientes, é que tenhamos:

1) a empatia para nos conseguirmos colocar nos pés de quem é excluído e, dessa forma, sermos capazes de sentir as suas dores, e agir em conformidade;

2) sentido crítico, para formularmos as perguntas certas e questionarmos aquelas que têm sido as mesmas respostas de sempre.

Em resumo, humanidade e inteligência.

Independentemente do reino da opinião – que atualmente é elevada ao trono máximo dos bens preciosos a serem defendidos -, o que realmente interessa é como a vida destas pessoas é, e como a sua integração, ou exclusão, se reflete nas suas, e nas nossas vidas. E, caros leitores, aqui não interessa tanto a opinião. Interessa resolver os desafios que se apresentam.

Dentro do universo das 1.085.472 pessoas com deficiência em Portugal (dados de 2021, do Instituto Nacional de Estatística) - e considerando como certos os dados do Observatório da Deficiência e Direitos Humanos (ODDH), partilhados pelo nosso convidado Tiago Fortuna, num artigo que publicou no Expresso, em janeiro deste ano – cerca de 31,2% (aproximadamente 340.000 pessoas) estão em risco de pobreza (contra os 18,8% da população em geral). Não bastam os desafios que as incapacidades em si apresentam na vida diária destas pessoas, ainda acresce o risco de não conseguirem sobreviver, por não se poderem sustentar. Com a dificuldade adicional de não estarem a jogar “com as mesmas armas” que o resto da população.

E por que é que isto acontece? Por múltiplas razões. Mas aquela em que gostava de focar é a Perspetiva. Sim, leram bem, a Perspetiva. A perspetiva condiciona absolutamente a nossa compreensão da realidade. Aliás, ela delimita a própria realidade – para onde olhamos, e de onde olhamos, passa a ser tudo o que existe. Se não formos capazes de adotar várias perspetivas em simultâneo, muitas perceções nos vão faltar, e teremos necessariamente uma compreensão incompleta e parcial da realidade.

Na questão da inclusão ou exclusão de pessoas com deficiência, a falta de perspetiva é grande parte do problema.

Desde logo, quando olhamos para estas pessoas como pessoas a quem falta ter, ou receber, alguma coisa, em vez de as olharmos como seres humanos, com capacidade de gerar valor e que, nesse sentido, do que sentem falta é de oportunidades para dar à sociedade e demonstrar o seu valor e capacidade. As pessoas com deficiência não precisam de caridade. Precisam de oportunidade.

Depois, quando pensamos – agora na nossa perspetiva de pessoas sem deficiência – que estamos a “ajudar” essas pessoas (e a sociedade) - quando as contratamos, quando criamos condições para que vivam com qualidade ou, pura e simplesmente, quando temos um comportamento civilizado e agradável com elas – cometemos um grande erro de perspetiva. Não estamos a “ajudar” porque, ao partirmos do pressuposto de que elas precisam dessa ajuda, isso coloca-as, automaticamente, numa categoria “à parte”, na qual o observador se torna, automaticamente, no todo-poderoso que, de forma paternalista, dá a mão a quem precisa.

Desenganemo-nos. Ao assumirmos o compromisso com um comportamento inclusivo (normal, diria eu), estamos a ajudar, sim, mas não apenas as pessoas com deficiência. Ajudamos toda a sociedade, na qual também estamos, naturalmente, incluídos. Toda a sociedade, porque estamos a permitir que o bem mais valioso que tem não seja desperdiçado – as pessoas. E a nós próprios, não só pelo ganho de consciência, mas também pelas enormes oportunidades reais que isso pode representar para a nossa vida, ou para a vida das nossas organizações.

Nomeadamente, quando as empresas contratam pessoas com deficiência. Fazê-lo apenas porque a regulamentação o exige, sejamos honestos – sabe a pouco e não é sustentável no tempo. Perante a mínima crise de curto prazo, e os apertos financeiros em períodos conturbados, questionar-se-ão essas boas práticas. O que é realmente fundamental é que os decisores mudem a perspetiva e, com essa mudança, entendam que os reais benefícios dessa contratação existem, sobretudo, para as suas organizações e para o seu negócio. Senão vejamos:

- A diversidade de perspetivas e experiências que resulta da contratação de pessoas com origens e vivências diferentes, tem um efeito positivo na cultura organizacional, que se torna mais rica e inclusiva, nos processos de inovação, que começam a incluir uma maior amplitude de perspetivas e formas de pensar, e na tomada de decisões, permitindo integrar diversos pontos de vista;

- Segundo um estudo da Accenture, também citado pelo nosso convidado Tiago Fortuna, as empresas que apostam em empregar pessoas com deficiência têm mais 28% de receita e 30% de margem de lucro, quando comparadas com outras empresas que não têm essas políticas;

- Sendo certo que, como diz Adam Grant no seu mais recente livro Hidden Potential – The Science of Achieving Greater Things, as competências relacionadas com o caráter e com as aprendizagens perante situações de adversidade são preditores fundamentais de sucesso, no que se refere a pessoas com deficiência, é notória a necessidade que elas têm de desenvolver habilidades de adaptação e resiliência, face aos desafios que enfrentam. Se este conhecimento for transferido para a empresa, sobretudo num contexto de alta volatilidade e ambiguidade como o que vivemos, esses podem ser fatores críticos de sucesso para a mudança;

- As deficiências que afetam as pessoas não comprometem as suas qualificações e talentos. Deixar que o estigma barre, à entrada, o acesso à oportunidade de demonstrar essas capacidades tem um enorme risco de desperdício de potencial humano;

- Contratar pessoas com deficiência pode – uma vez mais, porque a diversidade de perspetivas assim o permite – dar origem a novas abordagens de negócio e ao desenvolvimento de novos produtos e serviços que sirvam este mercado. Quem vive na pele as necessidades, consegue mais facilmente identificar aqueles que são os elementos mais valorizados por estes segmentos.

E a lista continuaria por aí fora. O simples facto de ter de a fazer, na esperança de que a perspetiva possa mudar, já significa que ainda estamos longe da sociedade inclusiva em que gostaria de viver. Uma sociedade onde todas as deficiências são objeto de inclusão. Menos uma – a deficiência de caráter.


Mário Henriques

Oiça aqui os episódios do podcast Ser ou não ser:
Clique no link oficial da noticia em baixo

Fonte de imagem: expresso.pt





Fonte: expresso.pt                          Link: https://expresso.pt/sustentabilidade/2023-11-14-As-pessoas-com-deficiencia-nao-precisam-de-caridade-precisam-de-oportunidade-bc3472b7
 
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Online Nandito

 
Concordo com tudo o que aqui foi dito... no entanto discordo em parte no que toca ao titulo desta noticia, seria correto que fossemos mais honestos, sinceros e realistas e não nos armemos em ricos heróis que não necessitemos de caridade de ninguém nomeadamente entidades publicas ou privadas, pois só por si oportunidade não chega para poder-mos demonstrar as nossas capacidades e competências sem apoio financeiro.
 
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