A transfusão de sangue é a transferência de sangue ou de um componente sanguíneo de uma pessoa (dador) para outra (receptor).As transfusões realizam-se para aumentar a capacidade do sangue para transportar oxigénio, restaurar o volume de sangue do corpo, melhorar a imunidade e corrigir problemas de coagulação.
Dependendo do motivo da transfusão, o médico pode requerer sangue completo ou apenas um componente sanguíneo, como glóbulos vermelhos, plaquetas, factores da coagulação, plasma fresco congelado (a parte líquida do sangue) ou glóbulos brancos. Sempre que seja possível, a transfusão limita-se ao componente sanguíneo que satisfaz a necessidade específica do doente, em vez do sangue completo. Fornecer um componente específico é mais seguro e não se desperdiçam os restantes.
Nos países mais desenvolvidos realizam-se vários milhões de transfusões todos os anos. Graças ao aperfeiçoamento das técnicas de detecção, as transfusões hoje em dia são mais seguras do que nunca. Mas ainda originam riscos para o receptor, como reacções alérgicas e infecções. Embora a possibilidade de contrair SIDA ou hepatite pelas transfusões seja remota, os médicos estão muito conscientes destes riscos e fazem transfusões apenas quando não existe outra alternativa.
Controlo da infecção do sangue de um dadorA transfusão de sangue pode transmitir doenças infecciosas presentes no sangue do dador. Por esta razão os responsáveis de saúde intensificaram os métodos de controlo. Hoje em dia, todas as doações de sangue são submetidas a um controlo de hepatite viral, SIDA, sífilis e outros vírus específicos.
Hepatite viral
Analisa-se o sangue doado para verificar que não possui os tipos de hepatites virais (B e C) transmitidas através das transfusões de sangue. Estas análises não podem identificar todos os casos de sangue infectado, mas, graças aos avanços recentes no controlo e verificação do sangue do dador, a transfusão quase não tem risco de transmissão da hepatite B. A hepatite C continua a ser a mais frequente das infecções potencialmente graves transmitidas através das transfusões de sangue, com um risco actual de aproximadamente três infecções por cada 10 000 unidades sanguíneas de transfusão.
SIDAO sangue do dador é analisado à procura do vírus da imunodeficiência humana (VIH), a causa da SIDA. A análise não tem 100 % de precisão, mas entrevistam-se os dadores como parte do processo de controlo. Os entrevistadores investigam acerca dos factores de risco de SIDA (por exemplo, se os dadores ou os seus parceiros sexuais mantiveram relações sexuais com um homem homossexual). Graças à análise de sangue e à entrevista, o risco de contrair SIDA através da transfusão de sangue é extremamente baixo (1 em cada 420 000), de acordo com estimativas recentes.
SífilisNão é comum que as transfusões de sangue transmitam sífilis. Além de controlar os dadores e as suas doações de sangue quanto à sífilis, o sangue doado é, além disso, refrigerado a temperaturas baixas, que matam os organismos infecciosos.
Colheita e classificação do sangueExistem organismos de saúde oficiais que regulam a colheita, o armazenamento e o transporte do sangue e seus componentes. Muitas autoridades sanitárias locais e estatais, assim como a Cruz Vermelha e os bancos de sangue, entre outros, têm as suas próprias normas adicionais.
Os dadores de sangue submetem-se a vários exames para constatar o seu estado de saúde. Toma-se o seu pulso, mede-se a pressão arterial e a temperatura e analisa-se uma amostra de sangue para verificar se estão anémicos. Pergunta-se-lhes se sofrem ou sofreram de alguma doença que os impossibilite de doar sangue. Doenças como a hepatite, problemas cardíacos, cancro (salvo certos tipos, como o cancro de pele localizado), a asma grave, o paludismo, as perturbações hemorrágicas, a SIDA e a possível exposição ao vírus da SIDA podem incapacitar um dador de forma permanente. A exposição à hepatite, uma gravidez, uma grande cirurgia recente, uma pressão arterial alta mal controlada, uma pressão arterial baixa, uma anemia ou o uso de certos medicamentos podem incapacitar um dador temporariamente. Estas restrições foram desenvolvidas para proteger tanto o dador como o receptor. Em geral, não se permite aos dadores dar sangue mais de uma vez em cada dois meses. O costume de pagar aos dadores de sangue quase desapareceu, já que incentivava os necessitados a apresentarem-se como dadores e negavam ter qualquer doença que os incapacitasse como tais.
Para os dadores seleccionados, dar sangue é muito seguro. Todo o processo precisa de cerca de uma hora; a doação em si mesma não leva mais de 10 minutos. Habitualmente experimenta-se uma sensação de comichão quando se espeta a agulha, mas o próprio processo é indolor.
A unidade de sangue doada anda à volta de meio litro. O sangue recém-obtido é selado em bolsas de plástico que contêm conservantes e um composto anticoagulante. Uma amostra pequena de cada dador é examinada para detectar doenças infecciosas como a SIDA, a hepatite viral e a sífilis. O sangue refrigerado conserva-se em bom estado durante 42 dias. Em circunstâncias especiais (por exemplo, para conservar um tipo de sangue pouco comum) os glóbulos vermelhos podem ser congelados e conservados durante um máximo de 10 anos.
Como realizar uma transfusão de sangue que não é compatível com o receptor pode ser perigoso, o sangue doado é habitualmente classificado em grupos A, B, AB ou O e como Rh positivo ou Rh negativo. Por exemplo, o tipo de sangue de uma pessoa pode pertencer ao grupo O positivo ou ao AB negativo. Como precaução adicional, antes de começar a transfusão, um técnico mistura uma gota do sangue do dador com sangue do receptor para se assegurar de que são compatíveis; este procedimento denomina-se teste de compatibilidade.
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