ergometrica

Liftech

Rehapoint
Autopedico

Invacare

TotalMobility
Tecnomobile

Anuncie Aqui

Anuncie Aqui

Autor Tópico: A Carraça como Transmissora de Doenças  (Lida 2032 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.

Offline Neo

A Carraça como Transmissora de Doenças
« em: 09/04/2011, 09:26 »
 

Existem cerca de 800 espécies de carraças em todo o mundo, cerca de urna dezena dessas espécies estão presentes em Portugal. Trata-se de um ectoparasita que necessita de 1, 2 ou 3 hospedeiros (animais a partir dos quais se alimenta para se reproduzir e sobreviver), consoante a espécie de carraça em causa. Este parasita terá tendência a proliferar no nosso país, quer pelo crescente aumento do efectivo animal (nomeadamente de cães e gatos abandonados), quer pelo nosso clima cada vez mais quente. A carraça, quando portadora de micróbios, representa um perigo para a saúde pública, urge assim o controle do seu número ao nível dos animais domésticos.


Como vive a carraça?

Pelas características morfológicas básicas destes seres podemos dividi-los em:

    * carraças"duras", em que a cutícula (ou "carapaça") que as reveste é dura;
    * carraças "moles", em que a cutícula é mole, estando normalmente mais confinadas às orelhas dos animais, às ranhuras do solo e paredes e outros habitats com condições ambientais estáveis.


As carraças podem parasitar uma gama muito extensa de animais: ruminantes domésticos e selvagens, equinos, suínos, cães, gatos, roedores, lagomorfos, aves, etc., a partir dos quais se vão alimentar do seu sangue.

Existem carraças que só parasitam um hospedeiro durante o seu cicio de vida, enquanto que existem outras que podem parasitar 2 ou 3 hospedeiros diferentes, depende da espécie de carraça em causa. 0 ciclo de vida da carraça divide-se em 4 fases de desenvolvimento: o ovo, a larva, a ninfa e o adulto. Em todas estas fases podem parasitar um hospedeiro. Uma carraça adulta pode originar entre 2000 a 20000 ovos, os quais se irão destacar do hospedeiro e serão depositados no solo, preferencialmente em zonas de vegetação de baixa ou média altura, com algum grau de humidade. Assim, os "verdes campos" constituem uma óptima armadilha para os hospedeiros, como os ruminantes em pastoreio ou os cães e gatos em plena actividade (quase de certeza, que o leitor, notou que quando o seu cão, foi para a aldeia ou para aquele jardim tão bem tratado, voltou com uma "carraçita" nas orelhas ou nas patas ... ). Existem carraças que podem pôr ovos 2 vezes por ano, enquanto outras levam cerca de 3 anos até serem "mães".

Consoante a espécie da carraça em causa, teremos um hospedeiro preferencial, assim como a sua distribuição corporal será diferente. Por exemplo, existe uma espécie de carraça (Ixodes scapularis) que pode parasitar répteis e roedores; existe uma outra (Amblyoma americanum) que é a espécie mais agressiva para os humanos e seus animais domésticos. A mais comum é a Rhipicephalus sanguineus (uma carraça de corpo castanho), que tem a tendência de parasitar as orelhas, pescoço e dedos dos cães. De referir que, as carraças adultas se encontram mais activas na Primavera e no Outono.

E que tipo de doenças podem as carraças transmitir ao animal?

Certas carraças através de neurotoxinas da sua saliva podem produzir nos seus hospedeiros um quadro de paralisia ascendente. Esta situação resolve-se normalmente retirando a carraça inteira do hospedeiro, não deixando vestígios da sua "boca" na pele do animal. Para esta manobra deve-se usar éter (preferenciamente), ou álcool sobre o parasita, que depois de torpe, facilmente se se retirará, obrigando-o a dar uma "cambalhota para trás".

As carraças podem ser portadoras de um tipo de micróbio (protozoários - seres unicelulares microscópicos), que serão transmitidos pela carraça, aquando da picada desta no animal. Estes protozoários vão "colonizar" os glóbulos vermelhos e/ou as células mononucleares do hospedeiro provocando, após um período de incubação de 1-3 semanas, sinais de doença. Os protozoários mais importantes que podem ser transmitidos pelas carraças são os seguintes: Rickettsia conorii (causa a febre botonosa), Coxielia burnetti (causa a febre Q), Borrelia burgdorferi (causa a doenga de Lyme), Hepatozoon canis, Ehrlichia spp. e a Babesia spp.. Nem todos os cães ou gatos infectados por estes seres manifestarão doença, no entanto, aqueles que a manifestarem apresentarão um ou mais dos seguintes sinais: febre, depressão, letargia, descarga nasal e/ou ocular, perda de peso, claudicação, mucosas pálidas, tosse, dificuldades respiratórias, vómitos, diarreia, urina com sangue (tipo "vinho do Porto"), distúrbios neurológicos, paralisia de posteriores, hemorragia pelas narinas (epistaxis), choque e mesmo morte se não forem atempadamente tratados. Portanto, sempre que detectar uma carraça no seu animal de estirnação mantenha-se alerta nas seguintes 1-3 semanas. Porém existem animais que desenvolvem doença crónica em que os sinais são sub-clínicos e mais difícil de diagnóstico, no entanto, a gravidade da doença é ligeiramente inferior.

E que tipo de doenças podem as carraças transmitir aos humanos?

A célebre "febre da carraça" ou "febre dos fenos" não são mais do que infecções pelos protozoários que são transmitidos pela carraça aquando de uma picada da mesma num humano. 0 período de incubação depende do protozoário transmitido pela carraça, e varia desde os 3 aos 30 dias sem sintomas. Por exemplo, na febre escaro-nodular de Ricardo Jorge (ou botonosa mediten-Anica), começa por uma lesão primária (pequena úlcera vermelha coberta por uma "pontuação" negra) ao nível da picada da carraça na pele, passados 3 a 7 dias aparece a febre, dores de cabeça, musculares e articulares; gânglios linfáticos aumentados; ao nível da pele existe uma erupção generalizada, primeiro macular e depois maculopapular, a mortalidade é baixa. Os sinais que poderão aparecer em humanos infectados pelos protozoários acima mencionados são: febre, dor de cabeça, "rash" cutâneo, mialgias, presença de picada de um insecto, náusea e vómitos, dor abdominal, conjuntivite, gânglios linfáticos aumentados, diarreia, perda de equilíbrio, estado mental alterado, artrites, icterícia. etc. Portanto, evite o contacto directo da pele com as carraças e em caso de dúvidas ou de contacto consulte o seu médico de família.

Como prevenir o aparecimento de carraças e doenças por elas transmitidas?

Existem inúmeros produtos ectoparasiticidas, mas nem todos com eficácia comprovada. Para um controle realmente eficaz dever-se-ão usar compostos A base de amitraz (em forma de coleira, que apresenta alguma toxicidade para humanos e anirnais de estimação jovens, idosos e doentes) ou a base de fipronil ou permetrinas (em forma de sprays ou "spot on"- pipetas ou bisnagas que são aplicadas no dorso do animal em I ou 2 sítios) . Estes produtos normalmente têm uma eficácia mínima de 4 semanas sobre as carraças, assim como pulgas, piolhos e alguns ácaros da pele. São desaconselhados os banhos com champôs insecticidas, pois podem causar inflamação da pele, descamação, intoxicação do animal e sua eficácia normalmente limita-se à altura do banho ou 2-3 dias pós-banho. 0 uso de pós insecticidas é igualmente desaconselhado, devido ao risco de intoxicação, pelo fácil acesso e sua ingestão por parte dos animais de estimação. Estes pós ao serem usados, dever-se-ão limitar o acesso aos locais por parte do cão e do gato.

Ao nível das infecções pelos protozoários, existem dois tipos de vacinas que conferem protecção: uma para a doença de Lyme, com elevada eficácia; e uma para a Babesiose, com uma eficácia de 70 a I 00% em áreas endémicas.

Finalmente, existe um composto protozoaricida que pode ser administrado em dose preventiva, nas estações do ano de maior risco de infecção.

Conclusão

A prevenção é, pois, a arma mais forte que o dono do animal de estimação tem ao seu dispor no controle de carraças e doenças por elas veiculadas. Em caso de dúvidas, nunca hesite e consulte o seu médico veterinário.


Fonte: arcadenoe
 
Os seguintes membros Gostam desta publicação: Nandito

Online Nandito

Re: A Carraça como Transmissora de Doenças
« Responder #1 em: 21/02/2025, 19:56 »
 
Doença de Lyme alastra na Europa: reconheça os sintomas da doença da carraça

Conselhetório
21 fev 2025 15:00




A doença de Lyme é uma patologia multissistémica, crónica, com importantes manifestações clínicas do foro dermatológico. É transmitida pela mordedura de carraça e têm surgido cada vez mais casos na Europa.

A doença de Lyme é provocada pela Borrelia, uma bactéria transmitida através da mordida da carraça e que é pouco valorizada em Portugal. A primavera-verão é a altura mais propensa para ser atacado por este parasita que quando instalado no corpo humano pode provocar problemas do sistema nervoso central semelhantes à artrite reumatóide ou fibromialgia.

A bactéria Borrelia é transmitida através da mordida das carraças e os javalis, assim como outros animais selvagens, podem estar cheios delas.

Estima-se que ocorram cerca de 65 000 casos anualmente em solo europeu. Os países com maiores incidências reportadas localizam-se na Europa Central, com um gradiente decrescente para oeste e para sul.

As áreas com maior risco para a transmissão da doença são tipicamente florestas e matas, com elevado grau de humidade. Nos últimos anos tem-se assistido ao aumento da sua incidência e à expansão geográfica da sua distribuição na Europa.

Em Portugal, apesar da escassez de dados epidemiológicos, alguns trabalhos sugerem uma crescente importância desta patologia, em particular nas regiões norte e centro do país. A doença passou a ser de notificação obrigatória em Portugal em 2015.


A doença de Lyme é uma patologia multissistémica, crónica, com importantes manifestações clínicas do foro dermatológico.1 É causada pela infeção por espiroquetas do complexo Borrelia burgdorefi sensu lato, transmitidas pela mordedura de carraça, pertencente ao género Ixodes.

O aumento dos movimentos migratórios e das viagens a áreas endémicas poderá também contribuir para o crescimento do número de casos de doença de Lyme em território nacional.

As carraças podem libertar-se do seu hospedeiro (especialmente se este tiver sido morto) e procurar um hospedeiro novo, onde se esconde em sítios difíceis de encontrar. "Durante a caça ao javali, assim que o animal é morto, a carraça procura imediatamente um novo hospedeiro", explica em comunicado de imprensa Maria das Neves Paiva Cardoso, investigadora no Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), na Universidade de Trás-os-Montes.

Sintomas e prevenção

A maioria dos indivíduos infetados pela Borrelia recorre à consulta de Dermatologia após uma mordedura de carraça ou com lesões compatíveis com eritema migrans.

Outras manifestações cutâneas da doença de Lyme, como o linfocitoma borreliano e a acrodermatite crónica atrófica, são raras e pouco observadas na prática clínica. Perante uma mordedura de carraça deve ser efetuada a sua remoção e vigilância clínica por um período de 30 dias, não estando recomendada a utilização de terapêutica profilática em países europeus.

A promoção de medidas preventivas como a utilização de vestuário adequado em áreas endémicas é fundamental. O diagnóstico de eritema migrans é clínico e a terapêutica antibiótica de primeira linha é doxicilina, verificando-se taxas de eficácia elevadas.

Nas formas de apresentação cutânea mais raras, os estudos serológicos são essenciais para o diagnóstico e o exame histopatológico tem um papel importante. A terapêutica precoce está associada a uma melhoria clínica mais rápida e significativa, com menos sequelas a longo prazo.

Se a carraça for descoberta no prazo máximo de 24 horas depois de se alojar no ser humano, a probabilidade de ficar infetado com a bactéria é baixa. Porém, se esse hiato ultrapassar as 36 horas o risco aumenta.

Perante uma potencial exposição, devem ser utilizadas estratégias preventivas como o recurso a calçado protetor e a vestuário de cor clara, que cubra toda a superfície corporal, e à utilização de repelentes de carraças, aplicados na pele e vestuário. Ao final do dia, deve ser analisada toda a superfície corporal, sem esquecer o couro cabeludo, e efetuada rápida remoção de carraças identificadas

Usar as meias por fora das calças, aplicar repelente, manusear os animais mortos com luvas, verificar se tem carraças no corpo quando se chega a casa, são as recomendações para os caçadores e outras pessoas que trabalham ou efetuam atividades de lazer ao ar livre em espaços agroflorestais.

Para que a transmissão da infeção ocorra, a carraça deve alimentar-se na superfície corporal por um período mínimo de 24 horas, estando demonstrado que 96% dos indivíduos que identificam e removem precocemente a carraça da superfície corporal não são infetados, mesmo em áreas de elevada endemicidade.

Os cães devem estar desparasitados e usar coleiras contra as carraças. Mas há que considerar também locais onde os animais podem deixar as carraças. "Os caçadores transportam o javali dentro do carro que, muitas vezes, é a viatura da família. As carraças vão ficar no jipe e podem lá sobreviver durante vários meses", refere Maria das Neves Paiva Cardoso.

Os sintomas podem surgir em poucos dias ou décadas depois, já que a bactéria pode estar inativa no organismo do homem vários anos. Assim que se começam a expressar - geralmente por fragilização do sistema imunitário - podem provocar doenças do sistema nervoso central.

Os primeiros sintomas são manchas vermelhas no local da picada que vão aumentando ao longo do tempo (eritema migrans) e que podem chegar aos 30 centímetros, cansaço, febre ou dor de cabeça. Outros sintomas são mal-estar geral, rigidez da nuca, mialgias, artralgias migratórias e linfadenopatia.

22 doenças muito estranhas
Outras manifestações tardias são poliartrite com preferência pelas grandes articulações, artrite crónica, meningite asséptica, nevrite craniana, encefalomielite, meningoencefalite, radiculopatias (radiculoneuropatia), bloqueio auriculoventricular, miocardite.

Se o problema não for detetado, a doença pode evoluir e provocar problemas nos músculos faciais, inflamação na medula espinal, dores e inchaço nas articulações e manchas em outras partes do corpo. O não-tratamento da doença leva ao desenvolvimento de artrite e problemas graves no sistema nervoso central.

A doença geralmente tem cura, através da toma de antibióticos, mas alguns sintomas, como dor nas articulações, podem persistir.

Bibliografia: Revista SPDV 76(2) 2018; Doença de Lyme: Epidemiologia e Manifestações Clínicas Cutâneas; Pedro Miguel Garrido, João Borges-Costa.






Fonte: lifestyle.sapo.pt                        Link: https://lifestyle.sapo.pt/saude/noticias-saude/artigos/a-nova-doenca-da-carraca-e-subdiagnosticada-em-portugal?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques
"A justiça é o freio da humanidade."
 
Os seguintes membros Gostam desta publicação: migel

 



Anuncie Connosco Anuncie Connosco Anuncie Connosco Anuncie Connosco Anuncie Connosco


  •   Política de Privacidade   •   Regras   •   Fale Connosco   •  
     
Voltar ao topo