Pipoca já tem uma cadeira de rodas — a dona até chorou ao ouvir as suas patas no chãoA cadela ficou paraplégica subitamente e a tutora invisual deixou de conseguir dar as voltas com ela.
19/07/2023 às 17:30
Pipoca já anda outra vez.
textoCarolina Jesus
Maria Filomena Oliveira, 70 anos, é invisual desde nascença. Por isso, é através dos sons que vai buscar as melhores memórias da sua infância e juventude. No entanto, agora é difícil para a setubalense pensar num momento mais feliz do que quando ouviu as patas da sua cadela a bater no chão pela primeira vez em meses.
“A minha mãe ficou muito emocionada ao ouvi-la caminhar e o barulho das suas unhinhas no chão. As palavras dela foram: ‘Meu Deus, que saudades. Traz-me recordações de quando andávamos as duas juntas'”, começa por contar a filha Fátima à PiT.
Há nove anos que Pipoca é a maior companhia de Maria Filomena em tudo o que faz no dia-a-dia. Desde as típicas caminhadas de que a dona tinha tantas saudades, às idas ao café, onde era acariciada por todos. Contudo, de um momento para o outro, a cadela viu-se incapacitada de tudo isso.
“A minha mãe ligou-me quando estava no trabalho a dizer que ela tinha deixado de andar”, recordou a segurança que reside no Barreiro, pouco depois do sucedido. Pipoca foi levada a dois veterinários, fez uma TAC, tratamentos a laser, medicação, “mas nada resultou”: “Ficou mesmo paraplégica”.
A cadela, que já tinha tido uma hérnia discal em janeiro, não teve outra opção senão habituar-se a arrastar-se pelo chão de casa. Mas esse não era um cenário que agradava a Fátima e muito menos à sua mãe. Desta forma, procuraram de imediato arranjar uma cadeira de rodas, mas os custos associados fizeram-nas duvidar se conseguiam voltar a dar mobilidade a Pipoca.
Pipoca era muito ativa.
Foi aí que recorreram à PiT: “Um dos desejos da minha mãe é que a nossa Pipoca consiga uma cadeirinha de rodas, e gostava muito de lhe dar essa alegria. Ela é a minha maior preocupação e está a passar uma má fase”. Bastou esta frase para começarem a chover ofertas de ajuda, desde donativos de amantes de animais emocionados com a história, a associações que disponibilizaram as suas cadeiras para dar uma nova vida à cadela.
Fátima não podia conter a emoção com tantas ofertas e só sonhava com o dia em que podia voltar a ver a cadela a andar novamente. Esse dia chegou, e graças à bondade de um homem, que decidiu continuar o legado do seu cão.
“O senhor ligou-me, pois deve ter lido o artigo e conseguido o contacto. Ele vive em Campo de Ourique, em Lisboa, e combinámos um encontro para a recolha da cadeirinha, que pertencia ao seu cão, que já morreu”. O homem ainda forneceu algumas dicas para a cadela se conseguir ambientar rapidamente à cadeira, e Fátima agradeceu toda a ajuda despendida. Mas o final feliz não começou aqui.
“O processo foi mais complicado do que o que eu esperava. Tivemos de tirar as peças traseiras e fazer umas novas. O meu marido desenhou-as à medida na impressora 3D, mas o material não suportava o peso da cadeira”. Fátima começou a ver o seu sonho a desaparecer, mas o seu companheiro não perdeu as esperanças.
Nas “horas vagas” do seu trabalho, construiu umas peças novas em metal e acabou por conseguir colocar Pipoca novamente a andar. Agora, a cadela precisa apenas de se adaptar ao novo método de locomoção, “mas já está a correr muito bem”.
Maria Filomena não foi a única a emocionar-se com os sons da cadela a andar pela primeira vez em meses: “Nunca mais me vou esquecer desse momento. Fez-nos o dia muito feliz. Um bem haja a todos os que se preocuparam e fizeram com que tudo isto fosse possível”, agradece Fátima.
Fonte:
https://pit.nit.pt/familia/pipoca-ja-tem-uma-cadeira-de-rodas-a-dona-ate-chorou-ao-ouvir-as-suas-patas-no-chao?utm_medium=Social&utm_source=Facebook&fbclid=IwAR0AxyanBtnWTpsOgj3S4W2gJJ1EYsKXUreXKXsVdqiH9nNt6IAf9Z9dMBo#Echobox=1689863358