Os novos desafios do VIH: viver com a doença na terceira idade
Estima-se que em 2030, no mundo, 73% dos doentes a fazer tratamento para
o VIH tenham mais de 50 anos
De mala ao ombro e de olhar concentrado, Luís Mendão atravessa a sala do segundo andar do Palácio dos Congressos, em Paris. Foi assistir aos quatro dias da 9.ª conferência sobre VIH. Dias corridos, como quase todos os outros ao longo do ano, dividido entre sessões, reuniões com associações internacionais representantes de doentes e farmacêuticas. Luís é a cara do Grupo de Ativistas por Tratamentos - GAT, é também uma das pessoas que há mais anos vive com VIH em Portugal. Tem 60 anos e é o exemplo dos novos desafios que a doença coloca: o VIH na terceira idade.
A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 17% da população com VIH na Europa tenha 50 ou mais anos de idade. A indústria farmacêutica aposta em novos tratamentos com menos efeitos secundários, tomas mais espaçadas no tempo e menor risco de interações com outras medicações para doenças relacionadas com a idade como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares, cancro.
Não são só os doentes infetados há mais anos, agora que esta é uma doença crónica, mas também novos casos diagnosticados em pessoas mais velhas. Em 2014, em Portugal, foram diagnosticadas 311 novas infeções em pessoas com mais de 50 anos. As estimativas internacionais apontam para que em 2030, no mundo, 73% dos doentes a fazer tratamento para o VIH tenham mais de 50 anos, 28% tenham três ou mais doenças relacionadas com a idade e 54% tomem mais do que um medicamento.
Fonte: DN