Doença de Parkinson afeta 18 mil portugueses. Conheça os fatores de risco e os sinais de alertaMiguel Coelho
Médico/a
11 abr 2022 08:00
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A causa da doença ainda não é conhecida, mas admite-se que resulta de uma combinação de fatores ambientais e genéticos. As explicações são do médico Miguel Coelho, neurologista no Hospital de Santa Maria.
Doença de Parkinson afeta 18 mil portugueses. Conheça os fatores de risco e os sinais de alerta

A doença de Parkinson (DP) é uma doença degenerativa do sistema nervoso central, crónica e progressiva. É causada por uma diminuição da produção de dopamina, uma substância produzida pelo cérebro, que ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo.
Havendo uma redução da produção de dopamina, o controlo motor do indivíduo está diminuído, ocasionando sinais e sintomas característicos como tremor em repouso, lentidão de movimentos e alterações da marcha, rigidez muscular e, anos depois, desequilíbrio.
A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum, estimando-se que em Portugal existam cerca de 18 mil doentes.
A causa da doença ainda não é conhecida, mas admite-se que resulta de uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Embora já sejam conhecidos alguns genes que favorecem o aparecimento da DP, ela não é por regra uma doença hereditária. O maior fator de risco para o aparecimento da doença de parkinson é o envelhecimento. A DP costuma desenvolver-se de forma lenta e progressiva geralmente a partir dos 55 anos de idade, embora em 10% dos casos surja antes dos 40 anos. Afeta ambos os sexos e é mais frequente nos europeus e norte-americanos do que nos asiáticos ou africanos.
O diagnóstico é clínico, pela história e exame médico do doente, não existindo nenhum exame complementar definitivo. É importante que o despiste da doença seja por isso realizado por um médico neurologista especialista em doenças do movimento.
O que é?
A Doença de Parkinson é uma doença crónica que afeta o sistema motor, ou seja, que envolve os movimentos corporais, levando a tremores, rigidez, lentificação dos movimentos corporais, instabilidade postural e alterações da marcha.
Como acontece?
A doença surge quando os neurónios (células nervosas) de uma determinada região cerebral, denominada substância nigra, morrem, sendo que, quando surgem os primeiros sintomas, já há perda de 70 a 80% destas células. Em condições normais, estas células produzem dopamina, um neurotransmissor que ajuda a transmitir mensagens entre as diversas áreas do cérebro que controlam o movimento corporal.
Assim, quando as células da substância negra morrem, os níveis de dopamina tornam-se anormalmente baixos, o que leva a dificuldades no controlo do tónus muscular e movimentos musculares, afectando, portanto, os músculos quer durante o repouso quer quando em actividade.
Sinais de alerta
Entre os principais sinais de alerta desta doença destacam-se sintomas como o tremor em repouso (mais frequentemente num dos braços), a lentidão de movimentos, a rigidez muscular, o andar com passos curtos, a diminuição do tamanho da letra, e a dificuldade na articulação da fala. Apesar dos sintomas mais conhecidos da doença serem motores, a DP manifesta-se também através de sinais como a depressão, ansiedade e alterações no sono.
Apesar de ser uma doença sem cura, existem várias opções de tratamento que são muito potentes a melhorar as queixas dos doentes. Estes tratamentos incluem a toma de comprimidos, injecção contínua de medicamentos através de uma bomba infusora, medicamentos administrados por um penso na pele, fisioterapia e tratamento neurocirúrgico.
Relativamente a esta última opção, nem todos os doentes podem ser submetidos a este tratamento. Os especialistas consideram que esta opção é adequada para os doentes que, apesar de terem uma terapêutica farmacológica optimizada, apresentam períodos do dia em que alternam entre ter o efeito da medicação (período on) e outros sem o efeito da medicação (períodos off), e em que estes os sintomas motores interferem de forma significativa com as actividades do dia-a-dia.
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