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Autor Tópico: Acha que sabe dançar como os Staff Benda Bilili?  (Lida 3103 vezes)

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Acha que sabe dançar como os Staff Benda Bilili?



Já se esperava que a passagem dos congoleses Staff Benda Bilili pelo palco do Festival Músicas do Mundo fosse o momento mais marcante das noites de Sines. Mas não se imaginava que a banda arrasasse de tal forma uma concorrência forte como os Tinariwen
 

A história é tão boa que se temia ser forjada. Música de rua nascida no centro de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, vibrante e com uma frescura rara nos dias que correm, interpretada por músicos quase todos em cadeiras de rodas ou muletas, com os membros inferiores inutilizados em consequência da inclemente poliomielite, que viviam em caixas de cartão e tocavam a troco de esmola. Os Staff Benda Bilili, editados pela primeira vez pela belga Crammed Disc em 2009, pareciam uma fabricação ocidental para vender discos, numa tentativa de criar um novo fenómeno da dimensão de Buena Vista Social Club (também este, de certa forma, uma invenção ocidental).


O entusiasmo foi imediato. Os congoleses foram capa de tudo o que é revista de world music, Très Très Fort passeou-se alegremente pelas listas de melhores do ano das mais variadas publicações e até o documentário francês sobre a banda, Benda Bilili, foi ovacionado de pé no último Festival de Cannes. O que faltava, obviamente, era perceber se ao vivo aquela magnífica caixinha de música dançável fazia jus a tanto pergaminho. E foi precisamente essa prova definitiva quanto à espantosa qualidade musical dos Staff Benda Bilili que o festival de Sines nos ofereceu este ano.


Mais uma vez, a escolha foi absolutamente acertada no casting para encerramento da festa no castelo, com o concerto dos congoleses a ter honras de um magnífico fogo-de-artifício durante um dos seus temas mais electrizantes, na maior enchente de sempre do festival. Para a história do FMM fica igualmente um concerto sublime, em que as melodias e os ritmos latinos habitualmente presentes na música da África subsariana se colaram magistralmente a um espiralado andamento de rock por vezes à beira do psicadelismo – fruto, em grande medida, do aparentado de alaúde de uma corda construído numa lata e amplificado, aproximando a sonoridade dos Konono nº1. E a tudo isto, a uma música capaz de animar até os corpos dos músicos sem locomoção inferior – foi vê-los de sorriso escancarado, ora a descer da cadeira de rodas e dançar com todo o tronco agitado pelos braços, ou mostrando que um par de muletas não é obstáculo para a folia – foi simplesmente impossível resistir.


Tudo genuíno, tudo demasiado bom para ser verdade, tudo merecedor de figurar juntamente com as passadas actuações perfeitas de Hermeto Pascoal e Rokia Traoré, que nunca deixarão de marcar as memórias de Sines.


Mas nem só de Staff Benda Bilili se fez o FMM de 2010 (que voltará no próximo ano, não em versão reduzida, mas reforçada). Em matéria de assombro, foram logo seguidos pelos tuaregues malianos Tinariwen e pelos também malianos Cheick Tidiane Seck e Mamani Keita. Se os primeiros deixaram no ar mais uma brilhante evocação sonora do deserto do Saara, na sua costumeira dose de notas doutoradas na arte da instalação da hipnose colectiva por meio de guitarras carregadas de blues e areia, mais vozes curtidas pelo sol, Tidiane Seck e Keita prepararam exemplarmente a festa que seria dos Staff Benda Bilili. Os teclados do antigo elemento da mítica Rail Band lideraram uma armada de funk africano, afinada como poucas para pôr o povo todo a dançar.


E houve igualmente a festa desbragada do colectivo Batida (kuduro para a estratosfera), a pop enérgica da chinesa Sa Dingding (mil vezes mais estimulante em palco do que numa rodela de plástico), o jazz-com-todos dos Barbez (mais uma vez uma formação ligada à Tzadik passa por Sines, mais uma vez o jazz é apanhado em flagrante cópula com a música judia e outras sonoridades ‘pilhadas’ por todo o mundo), o mantra sami de Wimme, o encontro magnífico entre o jazz bretão do quarteto de Jacky Molard com a música tradicional maliana de Founé Diarra, a estreia do projecto dos irmãos Vitorino e Janita Salomé com os Cantadores de Portel a partir de letras para modas alentejanas escritas por António Lobo Antunes ou o tradicional fim de noite devastador dos DJ Bailarico Sofisticado.


O Festival Músicas do Mundo continua a ser simplesmente imprescindível e uma valiosíssima montra daquilo que se vai passando no universo alargado da chamada world music. Ali, vai-se para fruir, para conhecer e para descobrir novas portas de acesso à inesgotável riqueza das diversidades musicais do planeta. Para o ano lá estaremos. Com o mesmo apetite, em dose redobrada.


Sol
 

 



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