Campeonato de futebol de cadeira de rodas acontece no Rio em busca de reconhecimentoDiogo Dantas
No país do futebol, jogá-lo é desde cedo é um exercício de inclusão social. Do jeito que for. Até em cadeira de rodas. É assim que pessoas com tetraplegia, distrofia muscular, paralisia cerebral e outras deficiências graves transformaram o esporte popular em ferramenta. Neste fim de semana, a Arena 2 do Parque Olímpico do Rio recebe o sexto campeonato brasileiro da modalidade conhecida como Power Soccer.
Com entrada gratuita, os jogos vão das 9h às 16h. E são organizados pela Associação Brasileira de Futebol em Cadeira de Rodas (ABFC). O presidente da entidade, Marcos Santos, faz coro por mais investimentos, enquanto há luta em todo o mundo para que o esporte seja reconhecido pelo Comitê Paralímpico Internacional para os Jogos de 2024, em Paris. Atualmente, o Power Soccer é praticado em 27 países da América do Sul, do Norte, na Europa, na Ásia e na Oceania. Não na África, o que impede o reconhecimento. Com isso, o investimento nas cadeiras de roda, que chega a quase R$ 30 mil, é difícil.
—Nas modalidades paralímpicas reconhecidas existem investimentos do governo. Já, para nós, os investimentos vêm da própria ONG
ou de empresas de fora. É um custo muito alto para comprarmos as cadeiras de roda — explica Ricardo Gonzalez, tetraplégico, e um dos fundadores da ABFC.
No campeonato brasileiro competirão cinco times: Clube Novo Ser Power Soccer, Adesul – Noho Power Soccer, Blue Angels Power Soccer, Curitiba Power Soccer e o Rio de Janeiro Power Soccer.
Para o jogo fluir a regra é clara: a disputa precisa ser entre dois jogadores contra um, sem um terceiro jogador à três metros da bola.
Anjos da guarda são parte do time
Uma particularidade do Power Soccer é que, devido às deficiências, os jogadores precisam de auxílio de pessoas próximas para comparecer aos treinos e jogos. Diferente do futebol de 7, modalidade olímpica praticada por quem tem paralisia cerebral. Paulo Cruz já foi treinador da seleção brasileira de futebol de 7 e é desde março diretor do Clube Novo Ser Power Soccer, que já conquistou o campeonato. Ele conta que é muito importante que os “anjos da guarda” ajudem aos jogadores, e compara com a modalidade no qual fez carreira.
—Os atletas do futebol de 7 se deslocam sem ajuda, são autônomos. Já os jogadores do Power Soccer são dependentes para suas atividades. E isso impacta muito no treino —, conta Paulo.
Alguns, como Lucas Neves, 23 anos, se superam. O jogador do Novo Ser tem comprometimento motor e na fala. Mas é independente na questão de mobilidade e tem mais autonomia nos treinos.
Como funciona
Elenco unissex
Cada time tem quatro jogadores ou jogadoras em quadra, sendo um goleiro.
A Bola
A bola tem 33 cm de diâmetro, 1,5 vezes o tamanho de uma bola de futebol de campo.
O jogo
Cada partida tem 40 minutos, 20 cada tempo. O objetivo é fazer gols em uma baliza montada com duas traves.
A cadeira de rodas
A cadeira de rodas tem velocidade máxima de 10 km/h. E conta com um protetor para conduzir a bola.
Infrações
O jogador não pode deter a cadeira do oponente nem tocar a bola com a mão
Fonte:
https://extra.globo.com/esporte/campeonato-de-futebol-de-cadeira-de-rodas-acontece-no-rio-em-busca-de-reconhecimento-22005026.html