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Autor Tópico: Portugal tem falta de atletas paralímpicos e Los Angeles2028 está em risco  (Lida 555 vezes)

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Online SLB2010

 
Portugal tem falta de atletas paralímpicos e Los Angeles2028 está em risco

Falta de competição interna e preconceito familiar entre as causas que dificultam a captação de novos talentos. Última Medalha de Ouro data de Pequim 2008. Contrato-Programa para Paris2024 é o maior de sempre - 9, 2 milhões de euros - e contempla 44 atletas, mas pode até resultar na segunda pior presença de sempre.


Portugal tem falta de atletas paralímpicos e Los Angeles2028 está em risco



No dia 14 de outubro de 2022, no evento de assinatura do Contrato-Programa Paris2024, o presidente do Comité Paralímpico Portugal (CPP), José Manuel Lourenço, chocou alguns dos presentes ao admitir dificuldades em captar novos talentos, colocando assim em risco a presença em Los Angeles2028. Afinal, acabava de receber 9,2 milhões de euros, "exatamente" o que pediu ao Governo, para preparar os próximos Jogos Paralímpicos (JP), onde, na melhor das hipóteses, terá uma comitiva de 25 atletas. Pior, só os 13 atletas de Seul1988.



"O pior que podemos fazer é festejar um bom momento metendo a cabeça na areia e fazer de conta que não existem problemas. Teria sido mais bonito e politicamente correto agradecer os nove milhões e tal e pronto, mas isso seria uma atitude irresponsável e eu, pelo menos de forma deliberada, não o sou. Temos de olhar para a realidade e a realidade é que temos 44 atletas no programa Paris2024 e a participação em Los Angeles2028 está em risco", garantiu ao DN, lembrando que o atual Contrato-Programa corrige uma situação de desigualdade financeira que persistia há décadas.

Recusando qualquer dose de alarmismos para despertar consciências, o presidente do CPP diz que ficará "satisfeito se estiver enganado", mas "é óbvio que Portugal não está a acompanhar a evolução internacional". A dificuldade em encontrar novos talentos num universo de cerca de 5000 atletas federados "é tão real como frustrante", e José Manuel Lourenço apenas se atreve a "especular" sobre as razões de isso acontecer e que vão desde a débil captação ao preconceito familiar.


Para os Jogos de Paris2024 (28 de agosto a 8 de setembro), Portugal tem garantidas quatro quotas no atletismo, duas na canoagem, duas na natação e uma no ciclismo, num total de nove. E sendo que a previsão é de conseguir ainda mais 16 lugares, num total de 25 atletas, menos oito do que em Tóquio2020 (33).


E a tendência é para piorar. A média de idades nos últimos JP era de quase 36 anos, daí que seja urgente acelerar a prospeção e deteção de novo talento. No paraciclismo, Carolina Duarte vai fazer 34 anos e Luís Costa tem 42. E na paracanoagem Norberto Mourão tem 43 e Alex Santos 38. "Será expectável pensar neles para Los Angeles? A biologia humana diz que não", atira o dirigente, remetendo para os números do projeto Esperanças Paralímpicas de Portugal, que tem, apenas e só, sete atletas, quatro homens e três mulheres.


"Deixou de haver cegos?"
O decréscimo de atletas verificou-se a partir dessa participação histórica de Sydney2000 - Portugal levou 52 atletas e trouxe 15 medalhas (6 de ouro, 5 de prata e 4 de bronze) - e tem-se refletido nos resultados: "Olhar só para os pódios pode ser redutor, mas Portugal não conquista uma Medalha de Ouro desde Pequim2008 [João Paulo Fernandes], apesar de obter bons resultados em Mundiais."

O boccia é, a par do atletismo, a modalidade com mais atletas no Programa Paralímpico (10). Sempre teve resultados de excelência, mas saiu de Tóquio sem qualquer pódio, o que aconteceu pela primeira vez. "Sem querer fazer uma relação causa-efeito, é evidente que durante anos perpetuámos muitos atletas na modalidade e não houve uma renovação calculada e suave. Temos bons jovens, muito jovens, mas se calhar vamos ter de esperar para eles crescerem desportivamente", admitiu José Manuel Lourenço, numa espécie de mea culpa institucional, ele que lidera o CPP desde 2017.


Beatriz Monteiro (17) e Diogo Daniel (18) do badminton são dois exemplos dessa juventude, mas competem quase sozinhos internamente e, quando abandonarem, é natural que a modalidade deixe de ter o sucesso atual.

A falta de competição interna também é motivo para a falta de resultados e para o desaparecimento de modalidades à mesma velocidade com que aparecem. Por exemplo, em Pequim2008, a vela era paralímpica e Portugal só tinha um atleta no alto-rendimento, Bento Amaral, que deixou de participar. E a modalidade desapareceu...

"Mais estranho", segundo o presidente do Comité Paralímpico, é passar de um modelo em que os atletas quase pagavam para praticar desporto, para esta outra realidade que é "a dificuldade em captar atletas, num altura em que as condições financeiras nunca foram tão boas. "O atletismo passou de 10 cegos a competir ao alto nível, na maratona, velocidade, meio-fundo e fundo, para duas atletas, as gémeas de Braga, Márcia e Sara Araújo. É disto que estamos a falar. É porque não há cegos? Era bom... Tem de haver uma razão para não procurarem o desporto como uma resposta para a sua vida", lamentou.

E se o desporto escolar está a falhar em toda a linha, segundo o líder do CPP, também há federações que ainda não incorporaram na sua cultura desportiva o desporto para pessoas com deficiência. Sem soluções mágicas para inverter o cenário, defende o regresso de ações de promoção nos locais onde é possível existirem pessoas com deficiência. Era isso que fazia a Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência, que tutelou o desporto adaptado até 2008, na perspetiva de criação de um portefólio de modalidades. Um modelo que o CPP replicou em outubro no Dia Paralímpico, onde os candidatos a atletas puderam experimentar 19 modalidades.

Saúde, família e preconceito
Fazer perguntas para tentar encontrar respostas que ajudem a captar novos valores para o desporto adaptado levou a uma "alarmante conclusão", segundo Luís Figueiredo, chefe de Missão Paris2024: "Há preconceito familiar e estado de negação da condição de deficiência. Assisti a uma prova e fui falar com uma jovem, que estava a competir numa prova livre, mas tinha uma deficiência visível, para a convidar a integrar o Movimento Paralímpico e a resposta foi: "Não, não sou deficiente"."

A grande maioria dos atletas paralímpicos tem cuidadores diários, precisa de ajuda em questões de higiene e mobilidade e isso verifica-se não só na sua vida diária, como na forma como se deslocam para o local de treino e para o local de competição. O receio de provocar dor a quem não tem condições de se queixar leva as famílias a dizer não à integração desportiva. Para dar alguma segurança aos familiares e melhores condições aos atletas, o CPP criou o gabinete médico de apoio, com uma equipa multidisciplinar, que inclui uma médica, fisioterapeutas e um psicólogo.

Mas, mesmo que Portugal tenha cada vez menos pessoas com deficiência, é importante que os que existem possam ver na prática desportiva uma opção, segundo Luís Figueiredo: "Se a pessoa tiver uma indicação médica para não fazer desporto OK, mas uma pessoa com deficiência, é apenas isso, uma pessoa com deficiência, não uma pessoa doente. Está provado cientificamente que uma pessoa com deficiência que pratica desporto tem mais qualidade de vida e, mesmo em contexto familiar, o índice de felicidade aumenta."

Olhando para os Jogos Paralímpicos, que irão decorrer entre 28 de agosto e 8 de setembro de 2024, em Paris, a paridade é um problema acrescido. "Melhorar o mau desempenho em Tóquio2020 não é um objetivo, é quase uma obrigação em Paris2024", avisou o chefe de Missão, aplaudindo a recente medida governamental de equiparar o valor de medalhas. Um Ouro paralímpico ou olímpico vale 50 mil euros, uma Prata 30 mil e um Bronze 20 mil. E um recorde olímpico ou paralímpico é premiado com um bónus de 15 mil euros (valor igual para um recorde mundial).

Desde a primeira participação de Portugal nos Jogos Paralímpicos de 1972, 312 atletas representaram o país em 15 modalidades e conquistaram 94 medalhas - 25 ouros, 30 pratas e 39 bronzes. Lenine Cunha

isaura.almeida@dn.pt

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Fonte; Dn.pt
 
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