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Autor Tópico: Histórias em um minuto  (Lida 59423 vezes)

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Offline Aislin

Histórias em um minuto
« em: 25/07/2011, 14:39 »
 
A Lenda do Perdão


Conta uma antiga lenda que existia uma cidade onde a palavra perdão nunca existiu.

As pessoas eram, portanto, donas da verdade, arrogantes e sofriam de uma terrível moléstia, complexo de superioridade.

A convivência era bastante complicada porque todos se consideravam perfeitos e com isso não enxergavam, nem admitiam seus defeitos, erros e equívocos.

Nessa cidade reinava a vaidade, a competição e a inimizade, por mais que elas andassem disfarçadas por detrás de sorrisos e manifestações de afeto.

Um dia uma mulher, vinda de outra cidade, foi morar lá.

Todos as tardes ia até a padaria e na volta sempre passava por uma praça onde um grupo de rapazes jogava bola.

Seu trajeto seria bem menor se ela cruzasse a praça, mas para não atrapalhar o jogo deles ela fazia o seu caminho contornando a praça. Claro que nenhum deles nunca percebeu ou deu valor à sua gentileza. Naquela cidade muito poucos entendiam desse assunto.

Certo dia essa mulher estava cheia de preocupações, com a cabeça bastante perturbada e na volta da padaria não se deu conta do caminho que tomou e atravessou a praça no exato momento em que um dos rapazes ia fazer um gol. O jogo parou, todos se olharam e o tal jovem, muito bravo, perguntou à ela:

A senhora não está vendo o que fez? Que falta de atenção, até mesmo de consideração! Custava dar a volta na praça?

E ela respondeu:
- Há cerca de seis meses que todos os dias eu dou a volta na praça para não atrapalhar o jogo de vocês. Hoje, no entanto, eu confesso que me distraí. Estava muito envolvida com meus pensamentos. Peço a todos vocês perdão por isso.

Ninguém entendeu o que ela quis dizer e um dos meninos perguntou:
- Perdão? O que é perdão? Nunca ouvimos essa palavra.

- Perdão é um ato de humildade, embora alguns julguem ser um ato de humilhação.

Os meninos foram para suas casas muito pensativos e contaram a seus pais sobre o perdão.

Errar, cometer injustiças, tomar atitudes precipitadas que podem prejudicar e magoar terceiros são coisas das quais todo ser humano está sujeito.

Reconhecer seus erros e pedir perdão, no entanto, nem todos os seres humanos são capazes. Para isso é necessária uma enorme dose de humildade, um coração sensato e um espírito elevado.

Só os grandes sabem pedir perdão!

Dizem que aquela cidade anda muito diferente, mais alegre, as pessoas mais amigas, menos rivalidades e que todos além de terem aprendido a pedir perdão, agora também estão aprendendo a perdoar.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #1 em: 25/07/2011, 14:41 »
 
O Último Dia


Naquela manhã, sentiu vontade de dormir um pouco mais. Estava cansado, tinha deitado muito tarde e não havia dormido bem. Mas logo abandonou a idéia de ficar um pouco mais na cama, e levantou-se, pensando nas muitas coisas que precisava fazer na empresa.

Lavou o rosto e fez a barba correndo, automaticamente. Não prestou atenção no rosto cansado e nem nas olheiras escuras, resultado de noites maldormidas.

Engoliu o café e saiu resmungando baixinho um "bom dia", sem muita convicção. Desprezou os lábios da esposa, que se ofereciam para um beijo de despedida. Não entendia porque ela se queixava tanto da ausência dele e vivia pedindo mais tempo para ficarem juntos.

Ele estava conseguindo manter o elevado padrão de vida da família, não estava? Isso não bastava?

Entrou no carro e saiu. Pegou o telefone celular e ligou para sua filha. Sorriu quando soube que o netinho havia dado os primeiros passos. Ficou sério quando a filha lembrou-o de que há tempos ele não aparecia para ver o neto e o convidou para almoçar.

Ele relutou bastante: sabia que iria gostar muito de estar com o neto. Mas não podia, naquele dia, sair da empresa. Quem sabe no próximo final de semana?

Chegou à empresa e mal cumprimentou as pessoas. A agenda estava lotada, e era muito importante começar logo a atender seus compromissos, pois tinha plena convicção de que pessoas de valor não desperdiçam seu tempo com conversa fiada.

Na hora do almoço, pediu à secretária para trazer um sanduíche e um refrigerante diet. O colesterol estava alto, precisava fazer um check-up, mas isso ficaria para o mês seguinte. Começou a comer enquanto lia alguns papéis que usaria na reunião da tarde. Nem observou que tipo de lanche estava mastigando.

Enquanto relacionava os telefonemas que deveria dar, sentiu um pouco de tontura, a vista embaçou. Lembrou-se do médico advertindo-o, alguns dias antes, quando tivera os mesmos sintomas, de que estava na hora de fazer um check-up.

Mas ele logo concluiu que era um mal estar passageiro, que seria resolvido com um café forte, sem açúcar. Terminado o "almoço", escovou os dentes e voltou ao trabalho. "a vida continua", pensou.

Saiu para uma reunião já meio atrasado. Não esperou o elevador. Desceu as escadas pulando os degraus de dois em dois. Entrou no carro, deu a partida e, quando ia engatar a marcha, sentiu de novo o mal estar e agora com uma dor forte no peito.

O ar começou a faltar... A dor foi aumentando... O carro desapareceu... Os outros carros também... Os pilares, as paredes, a porta, a claridade da rua, as luzes do teto, tudo foi sumindo diante de seus olhos, ao mesmo tempo que surgiam cenas de um filme que ele conhecia bem.

A esposa, o netinho, a filha e, uma após outra, todas as pessoas de que mais gostava. Por que mesmo não tinha ido almoçar com a filha e o neto? O que a esposa tinha dito à porta de casa quando ele estava saindo, hoje de manhã?

A dor no peito persistia, mas agora outra dor começava a perturbá-lo: a do arrependimento. Ele não conseguia distinguir qual era a mais forte: a da coronária entupida ou a de sua alma rasgando.

Escutou o barulho de alguma coisa quebrando dentro de seu coração, e de seus olhos escorreram lágrimas silenciosas... Queria viver, queria ter mais uma chance, queria voltar para casa e beijar a esposa, abraçar a filha, brincar com o neto...

Queria... Queria... Mas não havia mais tempo.

"Aquele era seu último dia de vida, mas ele ainda não sabia disso."

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #2 em: 25/07/2011, 14:41 »
 
A Esposa Perfeita


Eram noivos e se preparavam para o casamento, quando o pai da noiva descobriu que o rapaz era dado ao jogo decidiu se opor à realização do matrimônio, a pretexto de que o homem que se dá ao vício do jogo, jamais seria um bom marido.

Contudo, a jovem obstinada decidiu se casar, assim mesmo. E conseguiu, fazendo valer a sua vontade, vencendo a resistência do pai.

Nos primeiros dias de vida conjugal, o rapaz se portou como um marido ideal. Entretanto, com o passar dos dias, sentia crescer em si cada vez mais o desejo de voltar à mesa de jogo.

Certa noite, incapaz de resistir, retornou ao convívio de seus antigos companheiros. Em casa, a jovem tomou um bordado e ficou aguardando. Embora ocupada com o trabalho manual, tinha os olhos presos ao relógio. As horas pareciam passar cada vez mais lentas. Já era alta madrugada, quando o marido chegou.

Nem disfarçou a sua irritação, por surpreender a companheira ainda acordada. Logo imaginou que ela o esperava para censurar a sua conduta. Quando ele a interrogou sobre o que fazia àquela hora ela, com ternura e bondade na voz, disse que estava tão envolvida com seu bordado, que nem se dera conta da hora avançada. Sem dar maior importância à ocorrência, ela se foi deitar.

No dia seguinte, quando ele retornou ainda mais tarde da casa de jogos, a encontrou outra vez a esperá-lo.
- Outra vez acordada?, perguntou ele quase colérico.

- Não quis que fosse se deitar, sem que antes fizesse um lanche. Preparei torradas, chá quentinho. Espero que você goste.

E, sem perguntar ao marido onde estivera e o que fizera até aquela hora, a esposa o beijou carinhosamente e se recolheu ao leito.

Na terceira noite, ela o esperou com um bolo delicioso, cuja receita lhe fora ensinada pela vizinha. Antes mesmo que o marido dissesse qualquer coisa, ela se prendeu ao pescoço dele, abraçou-o e pediu que provasse da nova delícia.

E assim, todas as madrugadas, a ocorrência se repetiu.

O marido começou a se preocupar na mesa de jogo, tinha o pensamento menos preso às cartas do que à esposa, que o esperava, pacientemente, como um anjo da paz.

Começou a experimentar uma sensação de vergonha, ao mesmo tempo de indiferença e quase repulsa por tudo quanto o rodeava. O que ele tinha em casa era uma mulher que o esperava, toda madrugada, para o abraçar, dar carinho, uma mulher que o amava e ele, ali, naquele lugar? Aos poucos, foi se tornando mais forte aquele incômodo.

Finalmente, um dia, de olhar vago e distante, como se tivesse diante de si outro cenário, o rapaz se levantou de repente da mesa de jogo. Como se cedesse a um impulso quase automático, retirou-se, para nunca mais voltar.

* * *

Nos dias de hoje, é bem comum os casais optarem por se separar, até por motivos quase ingênuos. Poucas criaturas decidem lutar para harmonizar as diferenças, superar os problemas, em nome do amor, a fim de que a relação matrimonial se solidifique. Contudo, quando o amor se expressa, todo o panorama se modifica.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #3 em: 25/07/2011, 14:45 »
 
Justiça


Quando criança eu tinha a mania de me sentir sempre injustiçado. Por um ou outro motivo, não me tinham feito justiça, sem perceber que, para mim, a "injustiça" era sempre qualquer restrição feita aos meus desejos, fantasias e vontades. E invariavelmente arrebentava em lágrimas de protesto.

Um dia papai me chamou e disse:
- Meu filho, vamos combinar uma coisa. Você sabe que papai não gosta de ver você triste, não é? Então nós vamos fazer o seguinte: cada vez que você chorar, escreva num papel a causa, coloque o papel no vaso azul, ali, sobre a escrivaninha. Deixe passar alguns dias e leia-o. Se achar que o assunto ainda o está aborrecendo, venha a mim, conte-me o caso e eu lhe prometo que corrigirei a injustiça que tiverem feito contra você. Combinado?

Estava combinado. Nos primeiros dias eu enchi o vaso azul de anotações. Passadas no preto e branco, minhas queixas me pareciam perfeitamente justificadas.

Passaram-se os dias e meu pai voltou a falar comigo.
- Você já pode começar a reexaminar os seus papéis. Depois venha falar comigo.

Comecei. Mas, estranhamente, constatei que minhas queixas eram banais e que, na realidade, não havia naquilo nada que pudesse motivar aborrecimento.

Abreviei o espaço dos dias e, depois, passei a examinar os papéis horas depois dos acontecimentos. Verifiquei que não tinha nenhuma injustiça a exigir a reclamação de papai. E parei de chorar várias vezes ao dia, como estava acostumado a fazer.

Hoje compreendo que tudo foi uma brincadeira de papai. Todavia, com grande habilidade ele me levou a refletir antes de agir. E desenvolveu em mim a compreensão, o respeito do que é justiça e injustiça em face do nosso egocentrismo, exigência de privilégios e pretensões descabidas.

Com isso meu espírito de tolerância ganhou uma amplitude que me tem beneficiado ao longo de toda a vida.

***

É de grande sabedoria a atitude deste Pai, "brincando" ensinou valores morais ao filho de uma forma consciente e com um aprendizado leve.

Precisamos também prestar atenção em nós, nas nossas exigências para com o outro e com as nossas pretensões muitas vezes descabidas ou exageradas, observando nossas atitudes ou ações antes agir.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #4 em: 25/07/2011, 14:46 »
 
O Tempo e o Relógio


Certa vez, o tempo e o relógio se encontraram (embora estejam todo tempo juntos). O tempo, revoltado há muito tempo, disse ao relógio tudo aquilo que, há tempos, vinha guardando.

Que ele, tempo, tinha saudades daqueles tempos em que não existiam relógios e todo mundo tinha tempo, mas, quando o homem, ingrato, fabricou o relógio que começou a marcar tempo, ninguém mais conseguiu ter tempo. O homem ficou reduzido a horas, minutos e segundos.

- Antes, naqueles bons tempos - disse o tempo - todo homem tinha tempo de curtir a natureza, viviam com o sol de dia, dormiam com a lua à noite. Quando a lua caprichosa não queria aparecer, era um bando de estrelas que piscavam brincalhonas, dando tempo para o sol nascer.

- Mas agora, nestes tempos, ninguém mais tem tempo de ver se a lua vem sorrindo para a direita ou para a esquerda, se está de cara cheia ou de mau humor, sem querer aparecer.

O tempo prosseguiu com um sorriso de tristeza.
- Antigamente - que tempos! os homens nasciam no tempo certo em que tinham de nascer. Não havia incubadeira para os fora de tempo nem cesariana para os que passam do tempo, a natureza sabia, em tempo, quando era tempo. Hoje, o homem já obedece a você, mesmo antes de nascer. Os médicos estão apressados e sem tempo para perder.

O relógio só ouvia e, apressado, prosseguia no seu tic-tac sem tempo de retrucar, com medo de se atrasar.

- Noutros tempos" - disse o tempo - o homem crescia sem pressa, com tempo de amadurar.
Comia sem ter horário, dormia quando tinha sono.
Fazia amor ao relento, como flores que se beijam, como aves que se aninham, envelhecia aos pouquinhos, como um calmo entardecer. Depois, dormia o sono profundo e, no outro despertar, abraçava-me com carinho, no infinito...no infinito.

O tempo enxugou uma lágrima, talvez de orvalho. A voz que estava embargada, tomou uma conotação de revolta:
- Hoje, vai logo para a escola e traz para casa um horário. Quando aprende a ler as horas ganha do pai um relógio e, assim, ensinam-lhe bem cedo a maneira mais correta de nunca ter tempo na vida.

O tempo não se preocupava mais com o tic-tac do relógio que nada retrucava para não se atrasar, continuou a sofismar com voz mais branda.
- Come apressado, sem tempo.
Dorme ainda sem sono, pois, de manhã bem cedinho, você começa a gritar arrancando-o da cama, quando ainda queria dormir.

Amor? Nem sei se ainda faz... há gente que nem tem tempo. Quando faz é no zás-trás. Quando vê, já envelheceu, sem ver o tempo passar. Na hora do sono profundo, enterram-no apressados, para a vida continuar. E no outro despertar, chega tão abobalhado que não consegue me achar.

Ao relógio, sem poder nunca parar, só restava se calar, além do sentimento de culpa que passou a carregar e a partir desse tempo, quando bate as doze badaladas no silêncio da meia-noite, o canto é tão melancólico que até parece chorar.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #5 em: 25/07/2011, 14:47 »
 
A Árvore


Era uma vez uma árvore, no meio de uma floresta. Ela era uma árvore muito pequena, de galhos muito frágeis, mas sonhava ser grande e dar muitos frutos. O tempo foi passando, seu caule engrossou e suas folhas se multiplicaram. Um belo dia, ela perguntou à sua mãe quando é que os frutos viriam.

- Oh! Meu amor! Não somos árvores frutíferas. Somos só assim, mesmo...

E a árvore chorou, porque não tinha nada pra oferecer. Via as pessoas apanharem frutas de suas companheiras, e até folhas medicinais, enquanto ela vivia ali, parada, inútil.

Até que ficou tão triste que teve vontade de morrer.
Suas folhas, então, foram murchando.
Seus galhos começaram a secar.
Ela foi ficando cada vez mais curvada, seca, e, no silêncio de sua dor, ouviu um pássaro piar:
- Pelo amor de Deus, Dona Árvore! Não faça isto. Minha esposa está chocando nossos filhotes, aqui neste seu galho. Se ele cair, que será de nós?

Espantada, ela começou a prestar atenção em si mesma. E passou a reparar quanta "gente" morava nela.
· Tinha uma família de micos-leões.
· E mais uma casinha de João-de-barro.
· E mais uns besouros.

Uma orquídea em botão, presa ao seu tronco, sussurrou:
- Espere um pouco mais, pra ver a surpresa que vou lhe fazer!...

Então ela viu as abelhas que se tinham alojado num vão entre suas raízes, onde fabricavam mel saboroso.
E viu uma família de pessoas almoçando à sua sombra.

E só então ela conseguiu ouvir a voz de Deus em seu coração, dizendo:
- Nem todas as árvores têm frutos para dar. Porém algumas, como você, podem ter muito mais a oferecer...

A árvore, com aquele pensamento, recuperou a vontade de viver, ficando saudável em poucos dias. Assim , ela pôde festejar quando os passarinhos nasceram, e a orquídea logo se abriu.

Muitas gerações de crianças já construíram casas" e balanços em seus galhos firmes e fortes. Esta é uma de suas grandes alegrias!

E até hoje ela está lá, dando cada vez mais sombra, sustentando cada vez mais vidas, feliz por ter encontrado sua verdadeira razão de viver.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #6 em: 25/07/2011, 14:48 »
 
O Homem Infeliz


Um homem triste morava na parte superior de uma velha casa em ruínas. Pardieiro sem dono. Paredões sem ninguém. Supunha-se o último dos mortais.

Contudo, era firme na fé e orava, quase com orgulho, todas as noites:
- Deus de bondade, Deus dos aflitos, da Terra sois o maior. Deus de bondade, graças Te dou por ainda me alimentar com algumas batatas por dia, creio mesmo ser o último dos mortais...

Mais dois anos se passaram, quando, ao sentir-se mais aflito e mais infeliz, resolveu partir rumo à outras terras... Quem sabe seria um pouco menos infeliz...

Ele, que sempre saía na direção do quintal à procura das raízes que o sustentavam, desta vez saiu do lado oposto, no propósito de partir.

Nunca havia saído por lá, ao descer o último declive, ouviu um barulho. Alguém gemia... voltou para ver... e só então, pôde verificar que um aleijado, em chagas, morava embaixo, sobre um leito de palha, vivendo somente das cascas de batatas que ele atirava fora.

** Geralmente o ser humano sempre se considera o mais infeliz, sem sequer, pelo menos, olhar para seu lado.Precisamos entencer que somos abençoados e temos o nosso livre arbitrio, por isso somos responsáveis por tudo que acontece em nossa vida se estamos felizes devemos trabalhar para que continuemos assim, se não devemos procurar ver onde está o entrave da nossa vida que está ofuscando a nossa luz.

Somos seres únicos, mas sempre haverá alguém a quem podemos ajudar e a quem devemos pedir ajuda!

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #7 em: 25/07/2011, 15:01 »
 
A Árvore Cortada


Levantei rapidamente da cama me preparando para mais um dia de trabalho; passei à cozinha para saborear o café lendo as páginas do jornal do dia. No virar das últimas folhas, lembrei que tinha que varrer a varanda, recolher as folhas e sementes que a imensa Ficus Benjamin espalha sempre pelo terraço entupindo o ralo e provocando um alagamento, como uma piscina.

Largo o matutino e o café pela metade, com a vassoura na mão, abro a porta da varanda mas, a visão de fora deixa-me pasma: um homem moreno com uma motoserra na mão , já partiu quase todos os galhos da imensa árvore. Minha árvore amiga chora e eu, encolhida no canto do quarto, choro com ela.

Os sabiás e bem-te-vi voavam tontamente , procurando no vácuo os ninhos perdidos e o abrigo; não entendiam o porquê da grande árvore não estar mais lá. Olho novamente e vejo apenas dois galhos nús como dois braços estendidos para o alto, implorando ao céu pela vida.

Sabia que um dia ela ia ser arrancada, estava crescendo demais e suas raízes estragavam a calçada e ia solo abaixo até a garagem do prédio prejudicando as fiações.

Lembrava dos dias que ela vedava minha intimidade dos olhos curiosos da rua, suas ramagens tocavam o meu pequeno jardim e eu estendia os braços doando, carinhosamente, todo meu afeto por ela.

Ah! coisa curiosa! meu quarto ficou agora tão claro que me ofuscou! Percebi que havia muito tempo o sol não mais entrava e que, agora, sem cerimônia, invadia-o sorridente; e meu pequeno jardim mostrava todo o seu dote aos transeuntes que,antes, não o podiam ver. As caliandras vermelhas sorriam faceiras para os raios solares, junto aos gerânios e azaléias de inverno.

Não estou aqui a divagar sobre árvores e caliandras, menos sobre sabiás e bem-te-vi; estou reportando à belíssima lição que um Anjo Azul, debruçado amigavelmente sobre meu ombro, sussurrou:
- Esta árvore que amavas era para ti uma fonte de energia e proteção, a cada toque em suas folhas lustrosas recebias corrente equilibrante que a Natureza doa, incansavelmente, aos homens; mas, ao mesmo tempo que te protegia ela impedia os raios solares, altamente salutares, penetrassem seu dormitório.

É o símbolo da criatura que ama demasiado uma outra, bloqueando a esta, a absorção das energias necessárias ao seu crescimento espiritual. Muitas vezes o afastamento é necessário para haver o desenvolvimento.

Depois vi na calçada, os vizinhos recolhendo pedaços de tronco com pequenas pontas de raízes; disseram que serviam para fazer mudas e que iam plantar nos sítios que possuíam;

Novamente o Anjo pousou suas palavras de amor nos meus pensamentos:
- Assim como uma árvore destruída, repartida, pode renascer em várias porções de si mesma, a criatura é afastada do seu grande afeto para aprender a repartir este amor aos carentes dele.

Esse Anjo de azulíneo manto, explicou poeticamente o porquê de vermos tantos casos , hoje, de criaturas que se sentem separadas de seus mais profundos amores.

Quantos procuram a alma de sua alma?
Quantos se sentem sozinhos, mesmo acompanhados?
Muitos dos que encontram o seu verdadeiro par não passam a viver num universo em que só eles habitam?
Como o Amor Universal pode crescer dentro deste universo à dois? A grande lição do Anjo Azul foi mostrar que estamos afastados da nossa alma gêmea para aprender a amar à Humanidade.
Depois...
Com o coração ampliado ao mundo....voltaremos para ela.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #8 em: 25/07/2011, 22:13 »
 
A Pedra do Mestre


Havia uma pedra, bela e grande. Um dia, alguém passou por ali e vendo a pedra, pôs-se a contemplá-la. Ficou por um longo tempo olhando os contornos da pedra, as flores que a rodeavam e o sol que parecia deixá-la mais bonita. Disse para si mesmo:
- Esta é a Pedra do Mestre. Posso Vê-lo sentado sobre ela a sorrir para mim.

E entrou em êxtase rapidamente. Foi quando outra pessoa chegou e lhe falou:
- Estou há algum tempo a observar-te, de frente para esta pedra, e penso: o que pode levar alguém sorrir por tanto tempo a uma pedra e, sinceramente, não encontro um justo motivo que possa me convencer de que não estejas perdendo teu tempo.

Ele voltou-se para o estranho que invadira seu momento com o Mestre:
- Pois bem. Fico também pensando em algo: O que pode levar alguém a perder seu tempo tão precioso querendo entender algo que está somente para ser sentido.

Eu olho para a pedra e vejo Deus.
Eu olho para a pedra e sinto Deus.
Tu olhas para a mesma pedra, mas nada vês e com tua mente julgas o que não estás sentindo. Para tornar-te um sábio, meu amigo, é preciso que vejas e sintas com o coração. Só assim poderás ver, mesmo numa pedra, a presença de Deus a abençoar-te.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #9 em: 25/07/2011, 22:15 »
 
Verdadeira Riqueza


Um noviço estava na cozinha, lavando as folhas de alface para o almoço, um homem muito rico pediu a Sengai para escrever algo pela continuidade da prosperidade de sua família, de modo que esta pudesse manter sua fortuna de geração a geração.

Sengai pegou uma longa folha de papel de arroz e escreveu: "Pai morre, filho morre, neto morre."

O homem rico ficou indignado e ofendido. "Eu lhe pedi para escrever algo pela felicidade de minha família! Porque fizeste uma brincadeira destas?"

"Não pretendi fazer brincadeiras," explicou Sengai tranqüilamente. "Se antes de sua morte seu filho morrer, isto iria magoá-lo imensamente. Se seu neto se fosse antes de seu filho, tanto você quanto ele ficariam arrasados. Mas se sua família, de geração a geração, morrer na ordem que eu escrevi, isso seria o mais natural curso da Vida. Eu chamo a isso Verdadeira Riqueza."
 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #10 em: 25/07/2011, 22:16 »
 
O Furo no Barco


Um homem foi chamado à praia para pintar um barco. Trouxe com ele tinta e pincéis, e começou a pintar o barco de um vermelho brilhante, como fora contratado para fazer.

Enquanto pintava, percebeu que a tinta estava passando pelo fundo do barco. Percebeu que havia um vazamento, e decidiu consertá-lo. Quando terminou a pintura, recebeu seu dinheiro e se foi.

No dia seguinte, o proprietário do barco procurou o pintor e presenteou-o com um belo cheque. O pintor ficou surpreso e falou:
- O senhor já me pagou pela pintura do barco.

Ele então respondeu:
- Mas isto não é pelo trabalho de pintura. É por ter consertado o vazamento do barco.

- Foi um serviço tão pequeno que não quis cobrar _disse o pintor. Certamente, não está me pagando uma quantia tão alta por algo tão insignificante!

- Meu caro amigo, você não compreendeu. Deixe-me contar-lhe o que aconteceu. Quando pedi a você que pintasse o barco, esqueci de mencionar o vazamento. Quando o barco secou, meus filhos o pegaram e saíram para uma pescaria. Eu não estava em casa naquele momento. Quando voltei e notei que haviam saído com o barco, fiquei desesperado, pois lembrei-me que o barco tinha um furo. Imagine meu alívio e alegria quando os vi retornando sãos e salvos. Então, examinei o barco e constatei que você o havia consertado!

Percebe, agora, o que fez? Salvou a vida de meus filhos! Não tenho dinheiro suficiente para pagar-lhe pela sua pequena boa ação...

Não importa para quem, quando, de que maneira. Ajude, ampare, enxugue as lágrimas, conserte os vazamentos... sempre, e não espere a recompensa ou reconhecimento pelo que fez... Assim a caridade é maior :-)

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #11 em: 25/07/2011, 22:16 »
 
O Navegador e o Ouro


Um grande navegador passava pela costa de uma ilha que ele nunca visitara. Como aquela rota era caminho dos antigos piratas, resolveu ancorar sua embarcação a fim de explorar um pouco a ilha e, quem sabe, encontrar nela um tesouro escondido.

Ao desembarcar, ficou maravilhado com tanta beleza natural. Logo iniciou a busca de alguma pista que o levasse ao possível tesouro. Não demorou muito para perceber uma marcação no tronco de uma arvore, indicando medidas e local de algo que poderia vir a ser um tesouro enterrado.

Entusiasmado com a descoberta, prosseguiu em sua busca até chegar ao local indicado. Segundo as instruções, uma arvore precisava ser derrubada e depois era necessário cavar cinco metros abaixo de sua raiz para atingir o tesouro. Feito isso, o navegador encontrou uma caixa de metal contendo muito ouro.

Feliz com sua descoberta, procurou voltar ao navio levando consigo o tesouro. Como o ouro pesava muito, cortou alguns troncos de arvore, amarrou-os e colocou o tesouro em cima para assim poder chegar até onde o navio estava ancorado.

Na volta para casa, já bem distante da ilha, foi pego de surpresa por uma tempestade. Mesmo sendo um navegador experiente, não conseguiu controlar a embarcação e acabou naufragando.

Desesperado, pensou em como salvar o ouro, mas logo percebeu que aquele momento o mais importante era a sua sobrevivência. Assim teve que desprezar o ouro, que afundou junto com o navio. Sobrou apenas, flutuando no meio do mar, a madeira que ele havia cortado para transportar o tesouro ate o navio. Foi graças a ela que o navegante se salvou.

Enquanto aguardava por socorro, ele se manteve boiando, agarrado aos troncos. Nesse momento ele pensou:
"O ouro, ao qual eu dava tanto valor, foi para o fundo do mar. Se eu tivesse me agarrado a ele, também teria afundado. Entretanto os troncos das arvores, que eu julguei não terem valor algum, salvaram a minha vida.

Algumas vezes aquilo a que você se apega é justamente o que o está afundando. Só depois de uma tempestade é que você vai descobrir o que vale a pena ser valorizado ou desprezado.

 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #12 em: 25/07/2011, 22:18 »
 
Viver como as Flôres


Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.

- Pois viva como as flores, _ advertiu o mestre!

- Como é viver como as flores? _ perguntou o discípulo.

O Mestre sabiamente respondeu:
- Repare nestas flores, continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim. Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.

Fez uma pausa e continuou:
- É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora.

Isso é viver como as flores.

Para nós vocês são flores que estão tornando a nossa vida mais bela, assim, desejamos que vocês continuem
 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #13 em: 26/07/2011, 22:25 »
 
Aceitando as Pessoas


Ouvi dois amigos conversando e um deles se queixava da incompreensão das pessoas, das agressões verbais, dos desentendimentos. Isto o revoltava e ele dizia invejar a serenidade e o equilíbrio do interlocutor.

- Qual é o segredo? perguntou.

- Não existe segredo, mas somente paixão pela vida e esforços contínuos para aprender, respondeu o outro.

- Aprender o que?

- A aceitar as pessoas, mesmo que ela nos desapontem, quando não aceitam os ideais que escolhemos. Quando nos agridem e nos ferem com palavras e atitudes impensadas.

- Mas é muito difícil aceitar pessoas assim.

- É verdade. É difícil aceitá-las como elas são e não como gostaríamos que elas fossem. Mas qual é o nosso direito de mudá-las?

- E como você consegue?

- Estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a escutar, mas não apenas com os ouvidos, também com os olhos, com o coração, com a alma, com todos os sentidos. Muitas vezes as pessoas não falam com palavras, mas com a postura. Fique atento para os que falam com os ombros caídos, os olhos e as mãos irrequietas.

Assim como você pode ler as entrelinhas de um texto, pode ouvir coisas entre as frases de uma conversa corriqueira, banal, que somente o coração pode ouvir. Não raro, há angústia e desespero disfarçados, insegurança escondida em palavras ásperas, solidão fantasiada na tagarelice. Aos poucos estou aprendendo a amar, e amando estou aprendendo a perdoar. Perdoando, apago as mágoas e curo as feridas, sem deixar cicatrizes nos corações magoados e tristes. Aprendo com a vida o valor de cada vida e procuro entender os rejeitados, os incompreendidos. Nem sempre consigo, mas estou tentando.

Quanto a nós, vamos tentar construir a paz, sem desânimo, com muito amor, muito amor no coração.
 

Offline Aislin

Re: Histórias em um minuto
« Responder #14 em: 26/07/2011, 22:26 »
 
O Buda e o Deva


O Buda estava um dia no jardim de Anathapindika, na cidade de Jetavana, quando lhe apareceu um Deva (espírito da natureza) em figura de brâmane e vestido de hábitos brancos como a neve, e entre ambos se estabeleceu o seguinte "duelo":

O Deva:
- Qual é a espada mais cortante?

Ao que Buda respondeu:
- A palavra raivosa é a espada mais cortante.

- Qual é o maior veneno?
- A inveja é o mais mortal veneno.

- Qual é o fogo mais ardente?
- A luxúria.

- Qual é a noite mais escura?
- A ignorância.

- Quem obtém a maior recompensa?
- Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.

- Quem sofre a maior perda?
- Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.

- Qual é a armadura mais impenetrável?
- A paciência.

- Qual é a melhor arma?
- A sabedoria.

- Qual é o ladrão mais perigoso?
- Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.

- Qual o tesouro mais precioso?
- A virtude.

- Quem recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
- Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.

- O que atrai?
- O bem atrai.

- O que repugna?
- O mal repugna.

- Qual é a dor mais terrível?
- A má conduta.

- Qual é a maior felicidade?
- A libertação.

- O que ocasiona a ruína no mundo?
- A ignorância.

- O que destrói a amizade?
- A inveja e o egoísmo.

- Qual é a febre mais aguda?
- O ódio.

- Qual é o melhor médico?
- O Buda.

O Deva então faz sua última pergunta:
- O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?

Buda respondeu:
- O benefício das boas ações.

Satisfeito com as respostas, o Deva, com as mãos juntas, se inclinou respeitosamente ante Buda e desapareceu.
 

 



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