Atletas tetraplégicos fazem sucesso jogando rúgbi
Esporte é uma espécie de futebol americano. Entre as diferenças, não usa proteção de segurança
Atletas tetraplégicos descobriram um esporte que mudou suas perspectivas existenciais. Para Ben-Hur, Alexsandro e Alcindo a vida recomeçou. Eles foram vítimas de acidentes de moto e ficaram tetraplégicos.
Depois de um período de isolamento, foram apresentados a um esporte até então desconhecido. O rúgbi sobre rodas entrou na rotina deles e mudou a perspectiva de vida.
No dia 9 de março, fez 10 anos do acidente que tirou os movimentos de Alcindo Alcindino da Silva, hoje, com 33 anos. Até então, ele gostava de esportes radicais, como surfe.
— Só tinha visto o esporte nos noticiários — conta Alcindino.
Os três atletas fazem parte do projeto Omda (Organização para o Movimento do Esportes Adaptado), que tem uma parceria com a Unisul. Eles treinam três vezes por semana, no ginásio do campus universitário Pedra Branca, em Palhoça, com o comando do técnico Fábio Hardt, 34 anos.
O esporte é praticado numa quadra com quatro atletas em cada equipe. Eles utilizam uma bola de vôlei, que facilita o manuseio.
Sensação é de pura liberdade
O ex-vendedor Alexsandro da Silva Amorim, 34 anos, o Leco, também foi vítima de um acidente de trânsito com sua moto há cinco anos.
Ele possui o maior grau de limitação entre os atletas/deficientes que praticam o esporte. Nos primeiros meses, Leco não conseguia nem cruzar a quadra.
— A minha cadeira pessoal é elétrica e senti muita diferença quando entrei para o rúgbi. Tenho que movimentar a cadeira com o meu esforço e isso devolveu a minha sensação de liberdade — contou.
Depois de ficar em depressão por mais de um ano, Ben-Hur da Silva, 23 anos, recuperou a vontade de viver com o rúgbi sobre rodas. O ex-pintor de embarcação voltou a ter uma vida normal com a prática do esporte.
— Acho que o mais importante foi recuperar a autoestima e reaprender a viver — revelou.
Estão na seleção
Um dos atletas mais experientes do projeto é Rafael Hoffmann, 26, vítima de um acidente durante um mergulho.
Antes de se tornar tetraplégico, ele confessa que nem sabia da existência de práticas esportivas para deficientes.
— Logo que fiquei sabendo comecei a praticar o rúgbi — contou.
A Associação Brasileira de Rúgbi sobre Cadeira de Rodas convocou dois atletas do projeto Omda para a seleção brasileira: José Raul, 19, o Zé, e Rafael Hoffmann, 26.
Lugar pra todos
Mestre em fisiologia do movimento, o diretor-presidente da Omda e professor da Unisul, Tiago Baptista, lembra que todo deficiente pode praticar um esporte. Aliás, a Organização atende a 50 portadores de deficiência e conta com muitas vagas.
O que é a tetraplegia
::: A tetraplegia é uma lesão na medula da coluna cervical que paralisa, em diferentes graus, os membros superiores e inferiores
::: A paraplegia é uma lesão na medula, que paralisa os movimentos dos membros inferiores.
Como jogar o rúgbi sobre rodas
::: Esporte é praticado numa quadra poliesportiva
::: São quatro atletas para cada equipe
::: O jogo é disputado com uma bola de vôlei e dividido em quatro tempo de oito minutos
::: O máximo de tempo de bola dominada por atleta é de 10 segundos. A equipe tem 12 segundos para chegar a quadra adversária
::: Cada equipe tem 40 segundos para finalizar uma jogada
::: Cada atleta recebe uma pontuação sobre a sua limitação
::: Cada equipe não pode ter mais de oito pontos em quadra
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